CARTÃO VERMELHO
Vermelha é a cor do cartão mostrado pelo adepto madeirense àqueles que animaram a instabilidade por clubite aguda e jubilações pessoais. Primeiro, com ameaças de antijogo, tentativas de chantagem e simulações pífias; depois, com entradas por trás. Para alguns, o castigo foi de mediano a severo. Mas outros acabam suspensos, provavelmente, por vários anos. Lavoisier já o anunciara: nada se perde, tudo se transforma.
FORA-DE-JOGO
O líder local do FC Chega recebia instruções e tácticas de jogo directamente do Continente. Vinham no tradicional papelinho que Mourinho também costuma passar aos seus jogadores. Num dia, o papel dizia: “Mantém a pressão alta e mostra disponibilidade para ir a jogo”; noutro, dizia: “Merhaba, nasılsın?” que em turco quer dizer “Olá, como estás?”. Ele entendeu “abandona o campo”, sem perceber a incoerência do processo. Até chegarem os resultados finais. Foi então que gritou: “O meu reino por um cavalo!”. E apareceu Heraclito – tudo muda.
FALTA DE COMPARÊNCIA
Depois de sofrer a derrota humilhante no final do campeonato, em que se viu ultrapassado no segundo lugar, o líder do Clube de Futebol Socialista da Madeira decidiu ausentar-se durante as primeiras jornadas da nova época. Sem liderança e sem instruções claras, os atletas entraram no choradinho de ocasião – contra o árbitro e o público, em particular. Ou contra o mundo, em geral. Valeu o jogador mais antigo do plantel, um central duro e à antiga, não desistir da luta. Na verdade, ele faz lembrar o poeta Jorge Artur do saudoso Contra-Informação, para quem ganhar, empatar ou perder era exactamente a mesma coisa. Parménides tinha razão – nada muda.
SUBSTITUIÇÕES
No CF Socialista da Madeira, bastou à União Desportiva dos Verdes Populistas – o novo segundo classificado – arengar que não estava disponível para fusões, para começarem as intrigas simuladas e os pedidos de saída do clube. Andam muitos a pedir substituição quase imediata. Mas, por agora, quem não é substituído são aqueles que meteram o clube num sarilho sem fundo. Para esses, a vida segue gloriosamente. Há jogadores cansados e em má forma física? Talvez. Já no futebol feminino, a situação não é melhor. A presidente da secção quer uma coisa, a que manda no balneário quer outra. Já vos tinha falado em Parménides? Nada muda.
GOLEADA
Para alguns teóricos do jogo, a melhor defesa é o ataque. Mas o FC Chega e o CF Socialista da Madeira demonstraram o quão errado pode ser um axioma mal aplicado. Um disse mata, o outro esfola; um quis deitar a muralha de betão abaixo (erguida com a táctica do ferrolho à italiana), o outro tentou aproveitar a sobra para meter um golo fácil. Não só lhes saiu torto, como ainda perderam 25% dos lugares cativos. O CF Socialista da Madeira desceu ainda um lugar. É a diferença entre a Liga Europa e a Liga Conferência. Culpados? Depende da facção que escreve no jornal. Alguns ex-juniores querem regressar ao relvado – mas exigem escolher a bola, as regras, os árbitros e os jogadores. Heraclito e Parménides jogaram uma milhada. Ganhou Parménides.
TRANSFERÊNCIAS
Um dos principais artilheiros socialistas não conseguiu regressar ao plantel principal. E assim foi “convidado” a procurar clube para novo empréstimo. Para já, surgiu uma oportunidade no Vitória de Setúbal, depois de ter passado pelo Belenenses, onde cumpriu os mínimos por amizade do ainda treinador principal. Porém, o regresso a casa está complicado. Há outros pontas-de-lança, ele tem anticorpos, perdeu espaço no plantel e embora capaz de marcar golos, também mete alguns na própria baliza. Não ajuda. Parménides, Heraclito e Lavoisier entram num bar…
REGRAS DO CAMPEONATO
Alguns pensaram que o líder do campeonato, o Social-Democracia FC, ia facilitar o jogo àqueles que, outrora, lhe fizeram a vida negra na secretaria. Porquê? Porque queriam que as vitórias valessem dois ou três pontos, consoante a cara do freguês. Mas, com a ajuda do Clube Desportivo Social – conhecido por CDS –, o Social-Democracia FC, depois de reforçar o plantel, matou as veleidades dos que não entendiam as regras do jogo. O campeonato, já com o calendário apresentado, vai ter ainda pelo menos quatro paragens importantes para os compromissos das selecções – momentos capitais para o futuro dos clubes. A primeira paragem é no mês de Junho. Vamos ver como corre. Ou se Parménides vai continuar a ter razão.