O fumo branco do fim da tarde, no Vaticano, antecipou o anúncio de que temos Papa. E toda a atualidade mudou de um minuto para o outro. Foi assim nesta edição do JM e terá sido assim em milhares de outros jornais de todo o mundo. O mesmo no alinhamento dos telejornais e das rádios.
O Sumo Pontífice era apontado como um dos nomes favoritos e tem a difícil missão de suceder a Francisco, que tocou o coração de milhões de fiéis e de outros tantos não crentes.
Robert Prevost, seu nome de batismo, é agora o Papa Leão XIV. É encarado como um progressista moderado. É o primeiro Papa norte-americano e a sua primeira mensagem foi um reiterado apelo à paz. “A paz esteja com todos vós”, foram as suas primeiras palavras em italiano, com notório esforço para conter a emoção.
A biografia oficial, divulgada quando era ainda apenas cardeal, apontava um longo caminho no seio da Igreja Católica, com sucessivas chamadas para acudir a diferentes desafios, quer na América Latina, sobretudo no Perú, quer nos Estados Unidos. Foi Francisco quem o valorizou e o criou cardeal para assumir novas responsabilidades no Vaticano.
Ainda são poucos os elementos conhecidos sobre as suas posições perante a Igreja e o mundo, mas é visto como um seguidor do anterior Papa e por várias vezes se referiu à necessidade de maior abertura da Igreja. Admitiu mesmo maior participação das mulheres e dos leigos nas dioceses e em momentos importantes, mas terá mostrado alguma resistência quanto à ordenação sacerdotal de fiéis do sexo feminino.
Aos 69 anos de idade, o Papa Leão XIV recebe uma pesada herança. Os admiradores de Francisco vão estar atentos ao que fará com o vasto legado que acaba de receber. E o exercício de comparação será permanente, sobretudo nos primeiros meses.
O facto de ser o primeiro Papa norte-americano, ganha diversas leituras. Nesse contexto, as suas palavras inaugurais, na varanda da Basílica de São Pedro, já são vistas como uma mensagem clara e poderosa a favor da paz num país com uma liderança pouco preocupada com a guerra.
Como era de esperar, nasceram milhares de mensagens de felicitações de tantos organismos e figuras internacionais. E Portugal seguiu o protocolo. Por cá, também a Diocese do Funchal foi célere a saudar o novo Sumo Pontífice.
Mas, perante o entusiasmo nacional, e sobretudo regional, das últimas semanas, o nascimento de Leão XIV representa o adiamento da ideia de ser escolhido um português, de preferência madeirense. Esse sonho fica adiado.