Conclave: Portas fechadas, cardeais iniciam formalmente a escolha do novo Papa

Num editorial publicado na terça-feira, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou sobre a fase, conhecida como “extra omnes”, do processo eleitoral, considerando-o essencial para evitar influências externas e para que haja intervenção divina na escolha.

Os 133 cardeais eleitores fecharam-se hoje, pela primeira vez, na Capela Sistina, em Roma, para iniciar o Conclave eleitoral que vai escolher o 267.º Papa da Igreja Católica, sucessor de São Pedro e de Francisco.

Num editorial publicado na terça-feira, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou sobre a fase, conhecida como “extra omnes”, do processo eleitoral, considerando-o essencial para evitar influências externas e para que haja intervenção divina na escolha.

“Neste tempo suspenso, toda a gente no mundo se interroga sobre quem será o 267.º bispo de Roma. Todos os envolvidos, mesmo que fisicamente excluídos do lugar onde os sucessores dos apóstolos que se tornaram cardeais, reunidos e guardados no segredo de uma capela, vão escolher o servo dos servos”, lê-se no texto.

O “paradoxo” de um servo desorienta e “confunde os meios de comunicação social e os numerosos centros de poder, grandes e pequenos, do mundo, que se debatem com a identidade e o nome que o escolhido irá assumir, e talvez até tentem influenciar a decisão, elaborando cenários e interpretações que parecem escritos na areia”, escreveu Ruffini.

Na fase ‘extra omnes’, o tempo fica “suspenso entre o agora e o ainda-não, em que até os cardeais” são convidados a “deixar não só todos, mas tudo fora da Capela Sistina” e a “esvaziar-se totalmente para deixar espaço apenas para o espírito, para uma dinâmica que os transcende”.

Após a eucaristia da manhã, presidida pelo decano dos cardeais, Giovanni Re (que não participa no conclave por ter 91 anos), os eleitores recolheram à casa de Santa Marta e depois regressaram pelas 15:30 locais (14:30 em Lisboa) à Basílica de São Pedro.

Posteriormente, em procissão, dirigiram-se à Capela Sistina, onde fizeram novo juramento de sigilo, perante os pares e com as mãos sobre o evangelho.

Desde que começaram as Congregações Gerais, os cardeais assinaram documentos comprometendo-se a não revelar nada do que foi discutido, um compromisso que foi agora reforçado com um juramento solene.

Só depois, são fechadas as portas da Capela Sistina, ficando os eleitores impedidos de qualquer contacto com o mundo exterior.

Como já aconteceu no passado, as autoridades italianas estão a condicionar as telecomunicações para impedir qualquer passagem de informação do Conclave para o exterior.

Os trabalhos do conclave são dirigidos pelo secretário de Estado de Francisco, Pietro Parolin, por ser o primeiro da precedência hierárquica dos eleitores presentes. Pietro Parolin é também o favorito das casas de apostas entre os ‘papabilis’ (os cardeais com mais probabilidade de serem eleitos).

A ordem de votação dos cardeais também está definida pelos serviços, de acordo com a precedência de cada um na hierarquia formal do Vaticano, ficando, no caso dos portugueses, o patriarca emérito de Lisboa Manuel Clemente com o número 38, seguindo-se António Marto (59.º), Américo Aguiar (97.º) e Tolentino de Mendonça (118.º).

A numeração tem como número um Pietro Parolin, seguido pelo italiano Fernando Filoni e depois pelo filipino Luis Tagle, este último também um ‘papabili’.

Com o fecho das portas, tem início o Conclave, que junta 133 eleitores de 70 países. Para ser eleito, o cardeal escolhido terá de obter 89 votos.

Serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas de manhã e duas de tarde.

Ao final de cada conjunto de votações, os boletins serão queimados e serão adicionados químicos para garantir que o fumo seja negro, no caso de uma votação não conclusiva, ou branco, no caso de uma votação que eleja o 267.º líder da Igreja Católica.

Ao fim de três dias de votação sem uma maioria de dois terços, os cardeais suspendem a votação durante um dia.

Depois da eleição e do fumo branco, o novo Papa irá escolher o seu nome e será apresentado aos fiéis presentes na Praça de São Pedro.

Nessa ocasião, o Conclave terminará e os cardeais deixarão a Casa de Santa Marta. Só dias depois, como é tradição na Igreja Católica, é que o novo Papa irá presidir à sua missa de início de Pontificado.

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