A defesa dos estrangeiros residentes na Madeira

Estou preocupado com o momento que vivemos em Portugal, e especialmente na Madeira, que é onde resido, com o crescimento da extrema direita e o ódio perante os estrangeiros.

Ainda ontem me apareceu no escritório uma Senhora Venezuelana preocupada se a filha venezuelana podia vir visitar-lhe a Madeira, sendo que essa Senhora tem cartão de cidadão português, a minha resposta foi que não cobro nada para ir ao aeroporto buscar a filha se houver algum problema.

Outra coisa que não percebo é como é que um povo (sim estou a falar dos madeirenses como povo) como o nosso que emigrou à procura duma vida melhor agora não quer receber estrangeiros na sua Ilha que procuram uma oportunidade de vencer na vida, e fazem os trabalhos que os madeirenses não querem fazer, se não fossem os 100 miúdos de São Tomé que estão no Porto Santo, a hotelaria e a restauração estava parada, sejam bem vindos, ainda por cima têm formação que já adquiriram no País deles e falam um Português perfeito.

Os estrangeiros que estão aqui, obrigatoriamente têm de arranjar um visto de trabalho, trabalham, e em princípio não cometem crimes.

A União Europeia está a fechar as portas à emigração, e até já existe um sistema de informação europeu, que sinaliza estrangeiros ilegais, e proíbe-os de voltar à Europa, nos dois anos subsequente, se forem apanhados ilegalmente, acho que por si já é um castigo pesado. Fico triste quando não aceitamos outras culturas, religiões e o direito à diferença, na minha opinião isso revela ignorância e o medo do desconhecido, com esta mentalidade, nunca teríamos feito os descobrimentos, apesar da tentativa de evangelização ser censurável.

Outra coisa que não entendo, é que o Governo Regional, não queria o fim dos vistos gold, sendo que isso representa que os estrangeiros mais endinheirados pudessem fazer da madeira uma colónia de féria, contribuindo para a especulação do preço das casas, e ajudando a que os madeirenses não tivessem um sítio onde dormir (atenção que eu até não tenho opinião formada sobre isto, em princípio sou de permitir, controladamente).

Ora são esses mesmo madeirenses que defendem a expulsão dos estrangeiros que não têm um tostão.

Não sei quantos madeirenses estão fora da ilha, mas se de repente todos esses que devem ser mais de 300 mil fossem obrigados a voltar à madeira, expulsos dos Países onde estão, com base nos mesmo argumentos, que dizer. É o mesmo que ir comer à casa dos outros, mas não receber ninguém em casa, são mentalidades.

Agora deixo uns princípios fundamentais da Constituição portuguesa, esse País evoluído que fez a revolução de abril em 1974, mas só em 1982 descriminalizou a homossexualidade, sim, ser homossexual era crime.

A CRP equipara os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou residam em Portugal aos cidadãos portugueses, claro menos alguns direitos políticos, que têm outros requisitos, tipo ser presidente da República e etc. Sim os estrangeiros têm direitos em Portugal, e não são poucos.

Os meus caracteres estão a terminar, e passe o pleonasmo termino com uma citação do Eça de Queirós, peço desculpa, mas prefiro-o Eça ao Ventura.

Ainda digo mais, graças a deus que o livre desenvolvimento da personalidade está protegido constitucionalmente e as regras de etiqueta e bons modos apenas estão no livro da Paula Bobone.

PS, 1: “Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre.” Uma Campanha Alegre, Eça de Queirós

PS, 2: Feliz aniversário para o meu grande amigo, Luis o taxista que faz 68 anos de vida, desejo-te uma vida longa, e não mudes um milímetro. Um abc

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