O primeiro-ministro Luís Montenegro defendeu hoje a criação “de mecanismos de segurança mais desenvolvidos” ao nível energético no País para “evitar que um evento destes possa ocorrer com este impacto”.
Numa declaração ao País esta noite, depois de Portugal ter ficado paralisado praticamente todo o dia – exceto a Madeira e os Açores -, Montenegro comparou a dependência exclusiva de Portugal do mercado ibérico de energia ao modelo da vizinha Espanha, que pôde ainda recorrer aos mercados francês e marroquino para enfrentar a crise.
No Palácio de São Bento, o primeiro-ministro considerou que o apagão de hoje foi uma situação “grave, inédita e inesperada”, mas que o País respondeu bem.
Montenegro disse também que o restabelecimento energético está a ser feito “gradualmente” e que “é expetável que nas próximas horas haja um restabelecimento integral”.
Ainda assim, admitiu que o processo possa “demorar mais” do que em Espanha, por Portugal estar apenas ligado a Espanha, ao contrário do país vizinho que tem outras ligações.
No balanço, o governante explicou, por outro lado, que “a prioridade” de hoje “foram as situações urgentes”.
A situação dos hospitais foi a “mais difícil de gerir”, porque os geradores foram consumindo o gasóleo, e a dada altura já estavam quase a colapsar.
“Foi preciso fazer uma gestão muito rigorosa” para garantir o fornecimento permanente do combustível, o que chegou a ser feito com escolta policial, disse. Porém, nunca faltou energia aos hospitais, sublinhou.
Reunido desde o início da tarde, o Conselho de Ministros decretou a situação de “crise energética”, disse também Montenegro.
Sobre a origem do problema, informou que aconteceu “fora do nosso território, muito provavelmente em Espanha”. Explicou que o apagão terá sido causado por um “pico de tensão” do lado espanhol, que fez acionar os mecanismos de segurança, mas permanece desconhecido o que deu origem a esse pico.
Agradeceu o “comportamento sereno” da população portuguesa, mas também de todos os profissionais que, no exercício das suas funções profissionais, tiveram de lidar com a falta de energia.
Montenegro pediu às pessoas para fazer um “esforço de moderação nos consumos”, e disse que o Governo já está a trabalhar com a REN para que seja reforçado o sistema energético português.
Por fim, admitiu o regresso amanhã dos alunos às escolas, se não houver numa situação inesperada.