O Partido Socialista voltou esta sexta-feira a afirmar o seu papel de vanguarda na defesa e aprofundamento da Autonomia Regional, durante o debate “A Revolução dos Cravos e o Poder Local: uma conversa entre Gerações de Abril”, promovido pelo PS-Madeira para assinalar os 51 anos do 25 de Abril.
Emanuel Câmara, cabeça de lista às eleições legislativas nacionais de 18 de maio e atualmente com mandato suspenso na presidência da Câmara Municipal do Porto Moniz, destacou o papel da Revolução na conquista de direitos e liberdades, nomeadamente o reforço do poder local e o estabelecimento da Autonomia.
“O Partido Socialista, com a sua veia autonomista, está sempre na vanguarda para criar melhores condições legislativas para a salvaguarda de todos os madeirenses e porto-santenses”, afirmou.
“O facto de nós, ilhéus, podermos decidir parte dos nossos destinos sem estarmos dependentes de um governo central é um reflexo de Abril”, referiu, realçando também a importância do poder local, que permitiu desenvolver as políticas de proximidade junto das populações.
Segundo o socialista, a autonomia “tem de ser sempre dinâmica e nunca pode ser estática”.
No mesmo encontro, Emanuel Câmara deixou um alerta para o crescimento da abstenção eleitoral, que considerou “um extremismo”. “O grande combate é sensibilizar os cidadãos para que não deixem nas mãos dos outros a resolução dos seus problemas”, frisou, sublinhando que a defesa da democracia passa também pela participação ativa nos atos eleitorais.
Também Célia Pessegueiro, presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, marcou presença no debate e aproveitou para criticar o que classificou como “centralismo do Governo Regional”. A autarca lamentou que a descentralização de competências ainda não tenha chegado efetivamente à Madeira, ao contrário do que já acontece no continente e nos Açores. “Aqui pura e simplesmente pôs-se na gaveta e nem sequer se fala sobre esse assunto”, apontou.
Pessegueiro defendeu que este bloqueio limita a capacidade de ação dos municípios madeirenses, impedindo um maior envolvimento com as populações.
“O centralismo existe e, neste momento, ele manifesta-se de uma forma muito clara aqui na Região Autónoma, com um Governo Regional que é centralista, que não quer abrir mão e não quer partilhar competências, como acontece por todo o território nacional com outras câmaras municipais”, disse.
A sessão, moderada por Cátia Vieira Pestana, presidente das Mulheres Socialistas da Madeira, promoveu uma conversa inter geracional com testemunhos de quem viveu o 25 de Abril e das novas gerações. Contou com a participação de Júlia Ferreira, professora aposentada e histórica militante socialista, e Dorisa Aguiar, professora e membro da Assembleia de Freguesia de São Jorge.