Venezuelanos intensificam protestos no México para obter voos de repatriamento

Os migrantes ficaram retidos, na sequência das políticas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Migrantes venezuelanos intensificaram os protestos na fronteira sul do México contra a recusa de Caracas de organizar voos de repatriamento, embora o Governo mexicano tenha confirmado que os voos já foram retomados.

Os venezuelanos, que representam um quarto da migração ilegal no México, intensificaram os protestos em frente ao Instituto de Migração de Tapachula, a maior cidade mexicana na fronteira com a América Central, onde gritavam: “Queremos voltar!”.

“Peço à Presidente [mexicana] Claudia Sheinbaum que nos ajude e, por favor, possibilite mais voos humanitários, e que fale com o Presidente [venezuelano] Nicolás Maduro para que mais voos humanitários possam ser disponibilizados para Tapachula, Tuxtla Gutiérrez e Cidade do México”, disse Thais Aguilar, uma manifestante venezuelana no México.

Os protestos estão a intensificar-se depois de Sheinbaum ter declarado, na passada quarta-feira, que os repatriamentos aéreos foram retomados, reconhecendo que “houve pouca disponibilidade do Governo venezuelano para receber voos de venezuelanos repatriados”, acrescentando que “essa possibilidade está agora aberta e houve vários voos”.

Os migrantes ficaram retidos, na sequência das políticas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluindo deportações em massa e o fim de uma medida que permitia aos requerentes de asilo pedir acolhimento nos Estados Unidos a partir do sul do México.

Dailani Aguilar, que aguarda em Tapachula há três meses por um voo de repatriamento voluntário, disse que se sente retido no México, pelo que pede a ambos os governos que coordenem os voos.

“Muitos dizem-nos: ‘Voltem pelo mesmo caminho por onde vieram’. Para voltar pelo mesmo caminho por onde vim, tive uma má experiência [na selva de Darién], uma má situação, queimei-me e os meus filhos quase se afogaram comigo, e ninguém sabe o sofrimento que se passa para chegar aqui”, descreveu Aguilar.

Os venezuelanos manifestaram ainda insatisfação pela falta de coordenação entre as autoridades mexicanas e venezuelanas para lidar com as listas de pessoas que devem partir em voos humanitários, disse a migrante Greta Guevara.

“Não sabemos o que se passa porque a Imigração [no México] dá-nos a informação que recebe da Venezuela. No início, disseram que eram eles [os mexicanos] que mantinham a lista e que iam ter em conta as listas de documentos que enviámos desde fevereiro”, acrescentou Guevara.

O México recebeu 24.413 deportados dos Estados Unidos nas primeiras oito semanas do Governo do Presidente Trump, incluindo 4.567 estrangeiros, de acordo com o mais recente relatório do gabinete de Sheinbaum.

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