Recuperar os “bons velhos tempos”

Olhando para o futuro, basta um bom-senso mínimo para perceber que a Autonomia Política conquistada, não é suficiente para acautelar e obter o que o Povo Madeirense necessita e tem Direito.

Acresce que o mundo está a mudar, e de que maneira!…

Lisboa usa a desonestidade intelectual de tratar esta reivindicação urgente e séria, como “ameaça separatista”!…

Desonestidade intelectual porque, lá, a “classe política” centralista sabe muito bem que não é esse o objectivo dos autonomistas.

Sabe mesmo que foram os autonomistas que, nos territórios insulares, secundarizaram os surtos independentistas derivados da não existência de Estado decente durante os desvarios “Abril”.

Como a “classe política” lisboeta conhece o pensamento repetido dos autonomistas no sentido de ser mais favorável ao Povo Madeirense uma Autonomia maior do que a actual, no mesmo seio político-cultural da Pátria comum, do que uma falsa “independência”, imediata e fatalmente logo na dependência de alguma grande potência.

Mais. Vem sendo baixa política a campanha anti-Autonomias ao longo destes cinquenta anos – quanto custou ao Contribuinte pagá-la?… – só para, de acordo com a centenária cultura centralista dos políticos estabelecidos na capital do Império fracassado, a todo o custo impedir a necessária e democrática regionalização de Portugal Continental.

E a fraqueza de espírito de tal gente, pretensamente “política”, nem sequer repara em duas coisas. Primeira, é o facto de muitos residentes no Continente virem anualmente, ou pelo menos uma vez na vida, às Regiões, com olhos para ver e, sobretudo, com inteligência e liberdade de avaliação. Segunda, é que a evolução da literacia político-cultural do Povo português, cada vez menos acredita no que as campanhas mediáticas pretendem impingir. Há conhecimento generalizado de a Democracia, também em Portugal, andar dominada por “poderes ocultos” que não têm tal Direito.

As últimas eleições, na Madeira, acentuaram o falhanço de todas as “estratégias” que o colonialismo centralista urdiu contra a nossa Autonomia Política. Erros que culminaram numa ridícula operação invasora-policial-militar, baseada … “em denúncias anónimas”!!!…

Eleições que expressam o desastre estratégico lisboeta no estabelecimento, directa ou indirectamente, de uma “quinta coluna” partidária anti-autonomista… num território cuja população plebiscita constantemente a sua conquista da Autonomia!!!…

Até bastou uma pequena organização partidária, por enquanto não afirmada programaticamente, falha de Quadros, de mero protesto, apresentar-se como essencialmente regional, para que a falta de posições do PS sobre MAIS AUTONOMIA, O atirasse para o terceiro lugar. Castigo de uma má estratégia de décadas. E da tática presente de namoro público com os que O ultrapassaram, confessando que do mesmo “socialismo” (??…) se tratava. O que, óbvio, levou os eleitores deste campo ideológico optarem pelo mais regionalista.

Mas não podemos ficar à espera de que Lisboa “tome juízo”.

Nem se poderá mais admitir que, no Parlamento da Madeira, haja quem interessado em travar a Autonomia só para estar bem com os amigalhaços em Lisboa, verdadeiras aves da mesma plumagem e interesses…

Gente tão desastrada como o Partido Socialista, pois põem a Madeira subordinada a outros projectos, claramente pessoais, fingindo ignorar que uma das razões fundamentais dos sucessos eleitorais do Partido Social Democrata da Madeira, até hoje, foi a de não ser um Partido igual aos outros, mas ter-se assumido o que, em Teoria Política, se chama de “Partido-Vanguarda”. Neste caso, vanguarda activa da luta permanente pela Autonomia conquistada.

Queiram, ou não queiram, gostem ou não gostem, para perceber a política madeirense nestes 50 anos, há que constatar que existe como que um Pacto Povo-PSD da Madeira, tácito, que ainda consegue superar conjunturas de cada momento.

E os outros Partidos são tão maus, tão maus, ou tão cordeiros a Lisboa, que não perceberam que foi ponto fraco do actual PSD, na Madeira, ter quase extinto o activismo da luta autonomista. É que, por isso, por tal violação unilateral do Pacto Povo-PSD, era por aqui que se candidatavam a substituir as preferências do Eleitorado.

A Madeira tem de retomar imediatamente o Poder Legislativo já conseguido, bem como o de iniciativa na Assembleia da República.

Apesar da triste natureza do Tribunal Constitucional que temos, numa falta de percepção do que é o Interesse Nacional, há que avançar mais e sempre com legislação regional. Como dantes, alguma coisa se conseguirá ir passando…

Assim como se os partidocratas da Assembleia da República também obstaculizarem, por mediocridade ou obscurantismo político-cultural, é não largar! Ao menos, a Opinião Pública virá sendo posta a pensar e preparada, crescentemente distante das aleivosias do monocórdico mediático.

Cabe às Secretarias Regionais e seus Juristas seguirem quotidianamente a legislação nacional, alterando-a, cá, no que fôr útil para o nosso Povo, ou ajudando à apresentação de novas propostas, assim colaborando institucionalmente com o Parlamento da Madeira.

A essência de uma boa Política, é a transformação positiva.

O que assenta, de base, na criação legislativa.

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