A jornada é tão importante como o destino

Desde pequenina, que se fascina pelo mundo da representação, do estar em palco, do público, das palmas no final, quando termina de fazer o seu número, com a maior dedicação. “- Mãe, quero ser atriz”, chegou mesmo a dizer “- Não quero ir às aulas de Ballet, mas quero ir aos espetáculos”. Percebi logo, que não era o ballet o seu mundo, mas a representação talvez, pela simplicidade com que disse, pela sua inocência sem qualquer limite à realidade.

A imaginação, numa criança de 6 anos de idade, não tem limites, são capazes de criar mundos próprios, cheios de identidade.

Como Mãe, tive oportunidade de nutrir esta imaginação, orientando a sua atividade para a representação. É preciso estar atento, identificar o que mais se identificam e encaminhar para onde se sentem motivados a fazer o seu melhor.

Os sonhos de uma criança não precisam de serem moldados, para se tornarem práticos, eles surgem naturalmente e a nós, só nos resta regar para que floresçam, no tempo certo. Sabemos que, ao longo do desenvolvimento, os sonhos enfrentam diferentes barreiras, nomeadamente as autocríticas e o julgamento externo. Refiro-me à adolescência em que, à medida que crescem, surgem pensamentos como “Eu não sou capaz”, “os outros gozam de mim se fizer isto”. Os sentimentos de aceitação, por parte dos outros, amplificam todas as tomadas de decisão. A busca pela aceitação social dos seus pares pode fazer com que os jovens abandonem os seus sonhos e deixem de ser verdadeiramente felizes.

O desafio maior para os pais nesta fase da vida dos jovens, é fomentar que cada um é como é, com as suas qualidades, habilidades e defeitos, o que nos torna seres únicos e especiais. Não temos de ser igual ao outro, apenas respeitamos a sua particularidade, assumindo sempre o que somos, sem nos sentir inferiorizados.

Outro desafio é, ensinar que sonhar vai além de estabelecer metas realistas, trata-se de valorizar o processo até alcançar o objetivo proposto. Passando sempre a ideia que o fracasso faz parte da vida, que os obstáculos irão aparecer, que nem tudo é uma linha reta. As curvas fazem parte e dão-nos oportunidade de melhorar, de focar, de trabalhar mais, até sentirmos que estamos no caminho certo.

Por vezes, inconscientemente, passamos a ideia que não sonhamos ou que os reprimimos. Sem nos apercebermos transferimos as nossas frustrações ou faltas de expetativas na educação dos nossos filhos.

Por isso, não deixe de sonhar. Seja o melhor exemplo para o seu “mais que tudo”:

ï¬ Avalie como as suas ações e palavras podem influenciar as crenças do seu filho;

ï¬ Oiça e observe sem julgar. Valide sempre os seus sentimentos e emoções no modo como os vive;

ï¬ Faça comparações com exemplos reais – histórias de vidas semelhantes, que seguiram os seus objetivos, apesar das dificuldades;

ï¬ Mostre que os erros e os fracassos fazem parte e que é isso que o torna mais forte e motivado;

ï¬ Nos momentos em família, trace pequenos objetivos possíveis de alcançar. Pequenos passos que, com a ajuda de todos conseguimos.

Lembre-se que a jornada é tão importante como o destino. Cada dia é uma oportunidade de crescimento, de amor partilhado, de cuidado, de perseverança e de sermos felizes quando vimos que os “nossos”, acima de tudo, estão felizes!

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