Relatório: Dispersão de mosquito vetor de doenças representa “risco acrescido” para saúde pública

A dispersão pelo país de um mosquito invasor, considerado um vetor de doenças como dengue e febre-amarela, representa um “risco acrescido” para a saúde pública e exige medidas de erradicação, alerta um relatório hoje divulgado.

Em causa está o mosquito ‘Aedes albopictus’, uma espécie exótica com origem no Sudeste Asiático e que é um vetor de vírus e parasitas causadores de doenças, como chikungunya, dengue, febre-amarela, Zika e encefalite japonesa, adianta o relatório de 2024 do programa da Rede de Vigilância de Vetores (Revive), divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (Insa).

Segundo o documento, esta espécie foi detetada, a partir de 2017, no Norte, no Algarve, no Alentejo e em Lisboa e, em 2024 pela primeira vez, no Centro, o que aponta para uma “situação de estabelecimento e dispersão geográfica” por várias regiões do país.

“Estas espécies são vetoras de vírus como dengue, zika e chikungunya, e têm vindo a aumentar a sua distribuição geográfica nestas regiões. O ‘Aedes albopictus’ foi identificado em 20 concelhos do país em 2024”, refere o relatório.

Isso representa, de acordo com o documento, uma situação de “risco acrescido para a saúde pública”, o que exige um esforço de monitorização constante, assim como a “adoção de medidas de controlo eficazes com vista à redução/erradicação das populações detetadas” que impeçam a dispersão deste mosquito.

O ‘Aedes albopictus’ tem vindo a dispersar-se globalmente, através do transporte passivo de ovos em atividades comerciais.

Na Europa, onde desde 2010 têm sido registados surtos de chikungunya e dengue associados a esta espécie, a primeira deteção ocorreu na Albânia em 1979 e atualmente encontra-se disperso por dezenas de países.

Já em relação a outra espécie, a ‘Aedes aegypti’, que esteve presente em Portugal continental até à década de 1950, o relatório refere que foi detetada em 2005 na Madeira e, apesar das medidas de combate com recurso a desinfestações, estabeleceu-se na ilha e “representa hoje um problema de saúde pública nos concelhos do Funchal e Câmara de Lobos”.

A ‘Aedes aegypti’ é uma “espécie de grande importância médica”, avança ainda o documento, salientando que se trata do principal vetor do dengue, febre-amarela, zika e chikungunya, mas que pode também transmitir o vírus nilo ocidental, a mixomatose, o plasmódio aviário e a filária.

O trabalho de campo de 2024 do Revive, o 17.º ano em que este programa está em vigor, decorreu entre maio e outubro, no período de maior atividade de mosquitos, em diversos concelhos de Portugal continental e, de janeiro a dezembro, na Madeira, em pontos de entrada como aeroportos e portos e nas zonas onde foram identificadas espécies invasoras.

No total, foram identificados 38.522 mosquitos de 18 espécies, assim como 65.802 ovos de espécies invasoras. Nas amostras em que foi pesquisada a presença de flavivírus e alfavírus patogénicos para o homem, os resultados foram negativos.

O Revive resulta de um protocolo entre a Direção-Geral da Saúde, as antigas administrações regionais de Saúde do Algarve, Alentejo, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Norte, as direções regionais da Saúde da Madeira e dos Açores e o Insa.

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