Um equilíbrio essencial

Num mundo cada vez mais marcado pela procura de destinos autênticos, sustentáveis e ambientalmente responsáveis, a Região Autónoma da Madeira (RAM) destaca-se pelo seu património natural excecional, cuja proteção é, simultaneamente, uma responsabilidade coletiva e o garante do nosso futuro enquanto destino turístico de excelência.

A vasta rede de áreas protegidas que cobre 65% do território terrestre e 89% do mar territorial da RAM representa não apenas um esforço notável de conservação da biodiversidade e da geodiversidade, mas também o coração da nossa imagem de marca. A floresta Laurissilva, classificada como Património Natural da Humanidade pela UNESCO desde 1999, é talvez o exemplo mais emblemático desse compromisso, um símbolo identitário que atrai anualmente milhares de visitantes fascinados pela sua exuberância e ancestralidade.

Mas a riqueza natural da Madeira vai muito além da Laurissilva. As Reservas Naturais, verdadeiros santuários do Património Natural, têm vindo a afirmar-se como atractores de turismo que procura a comunhão com a natureza e o escape ao mundo moderno. Aqui, quero destacar as Reservas das Ilhas Desertas e das Selvagens, locais onde estamos a promover o turismo científico atraindo investigadores, estudantes e entusiastas da biodiversidade de todo o mundo. Estas ilhas remotas, onde a intervenção humana é mínima e rigorosamente regulada, são não só exemplos de sucesso na preservação de ecossistemas frágeis e únicos, incluindo espécies ameaçadas que aqui encontram refúgio, mas também na forma como podemos integrar a utilização regrada pelo ser humano, de forma a valorizá-las.

Além do património biológico que tão bem nos promove, é também de relevar a notável geodiversidade do arquipélago. Cones e filões vulcânicos, escoadas de basalto, fajãs, falésias, arribas e escarpas estão na base das nossas paisagens arrebatantes, paisagens esculpidas pelo fogo e pela erosão, que narram milhões de anos de história geológica, são igualmente um convite à descoberta e à contemplação.

O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) tem procurado, com determinação e responsabilidade, assegurar o equilíbrio entre a conservação e a fruição dos espaços naturais. Através da implementação e fiscalização dos planos de gestão das áreas protegidas, da manutenção e qualificação da rede de percursos pedestres classificados, da beneficiação das infraestruturas de apoio à gestão e fruição das áreas protegidas, da recuperação de habitats degradados, da reintrodução de espécies nativas e do controlo de espécies invasoras, temos vindo a reforçar a resiliência dos nossos ecossistemas.

A par disso, o IFCN tem investido na promoção de uma cultura de sustentabilidade, quer através da educação ambiental junto da população escolar, quer por meio de campanhas de sensibilização para residentes e visitantes, alertando para a importância de proteger o que nos torna únicos. Temos também procurado fomentar parcerias com operadores económicos e turísticos bem como entidades públicas e privadas para garantir que o turismo que promovemos seja um turismo com consciência ecológica que valoriza a autenticidade do território.

Sabemos que nem tudo é perfeito e a área a proteger é imensa, sendo no total da RAM maior a área de proteção ambiental do que a área sem proteção ambiental. Reconhecemos que, por vezes, existem excessos e limitações que dificultam a forma como gerimos e protegemos o nosso território que só por si dado a orografia já é um desafio. Mas é precisamente essa consciência que nos move, promovendo uma adaptação e evolução constante, paulatina, sempre com o compromisso de garantir um equilíbrio justo entre a proteção da natureza e o usufruto responsável dos seus valores.

A sustentabilidade do destino Madeira depende da saúde dos seus ecossistemas. Sem Natureza bem conservada, não há trilhos com paisagens deslumbrantes, não há observação de fauna e flora endémica, não há floresta Laurissilva para descobrir. Conservar a Natureza na Madeira não é um luxo — é uma necessidade vital para a nossa identidade, para a nossa economia e para o bem-estar das gerações futuras.

O turismo que nos visita procura cada vez mais experiências genuínas, contacto com a Natureza em estado puro, valores de tranquilidade e harmonia. É nesse território — de montanhas cobertas de floresta, levadas serpenteantes, arribas dramáticas e natureza quase intocada — que a Madeira se distingue no mundo. E é nesse património protegido, gerido com rigor e visão, que reside a alma do nosso destino.

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