O chefe da PSP responsável pelas buscas domiciliárias ao arguido Vítor Manuel Oliveira, ‘Aleixo pai’, afirmou hoje ter então encontrado 104 bilhetes para jogos do FC Porto, durante a sétima sessão do julgamento da Operação Pretoriano, no Porto.
No Tribunal de São João Novo, o depoente explicou que já recaiam, antes das buscas ocorridas em janeiro de 2024, suspeitas da existência de um sistema de venda ilícita de bilhetes.
“Apreendemos o telemóvel e 104 bilhetes do FC Porto. Destes, 87 eram para o jogo do Arsenal [em 21 de fevereiro de 2024], 10 para o jogo de hóquei em patins com o Benfica, seis para o voleibol com o Leixões, que já tinha acontecido à data, e um do jogo frente ao Sporting de Braga, a 14 de janeiro”, enumerou.
Numa busca que decorreu com a colaboração do conhecido adepto portista, que abriu a porta de casa às autoridades, foi também apreendido o seu telemóvel.
“Chamou-me à atenção o facto de os bilhetes serem nominais, de estarem em nome de sócios. Suponho que seriam de alguém que tivesse lugar cativo”, acrescentou a testemunha.
Por sua vez, o agente da Polícia de Segurança Pública que operacionalizou as buscas a casa de Fernando Saul, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos do FC Porto e ‘speaker’ do Estádio do Dragão, também prestou declarações na sessão.
À semelhança dos testemunhos relativos a Fernando e Sandra Madureira, na parte da manhã, também o polícia revelou ter apreendido dinheiro na diligência ao ex-funcionário dos ‘azuis e brancos’, assim como um computador e o telemóvel.
“Fernando Saul abriu-nos a porta de casa. Apreendemos um telemóvel e um computador, que estava na mesa de cabeceira do quarto. No carro, apreendemos 2.940 euros, que estavam na consola. […] Estava pousado um maço de notas”, descreveu.
Ainda antes do término da sessão, deu-se o depoimento do polícia responsável pelas buscas domiciliárias a Carlos Nunes (‘Jamaica’), que relatou ter apreendido estupefacientes e o casaco que “foi referenciado como tendo sido usado [por ‘Jamaica’] na Assembleia Geral”.
O julgamento retoma na terça-feira, que seria a data inicialmente prevista para o fim das audições das testemunhas da acusação, numa altura em que o atraso ultrapassa as 30.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação gravosa, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.