Le Pen promete “batalha pacífica e democrática” contra a sua condenação

“São os direitos dos franceses que estão a ser postos em causa”, afirmou Le Pen.No seu discurso, Marine Le Pen.

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, prometeu hoje uma “batalha pacífica e democrática” contra a sua condenação por desvio de fundos, num discurso transmitido em vídeo no congresso da Liga italiana, de Matteo Salvini.

“A nossa batalha será como a sua (Salvini), pacífica e democrática, e podemos dizer que o exemplo vem de Martin Luther King, que falou dos direitos civis. E são os direitos dos franceses que estão a ser postos em causa”, afirmou Le Pen.

No seu discurso, Marine Le Pen advertiu que esta “tentativa de manipulação” afeta todo o continente europeu, dando como exemplo as investigações aos partidos Chega, de André Ventura, e de Salvini, parceiro no grupo “Patriotas pela Europa” do Parlamento Europeu.

Na semana passada, o presidente do Chega, André Ventura, recusou apoiar Le Pen face à condenação de que foi alvo, ao contrário de outros líderes da extrema-direita europeia, e até comparou o caso com o do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, apesar de sobre este não recair qualquer condenação.

Ventura considerou que, tanto num caso como no outro, “se têm de retirar as devidas consequências”, afirmando que “não é pior” o caso de Le Pen do que o caso de Montenegro, embora tenha argumentando com o risco de “as inelegibilidades se tornarem uma forma de afastar opositores políticos” e que os tribunais não podem fazer “perseguição política”.

Marine Le Pen confessou-se hoje “comovida” com o apoio dos dirigentes da Liga de Salvini, atual vice-presidente do governo de Giorgia Meloni, que em novembro foi absolvido de um processo em que era acusado de sequestro pelas suas políticas anti-imigração em 2019.

O seu discurso no congresso do partido italiano, em Florença, ocorreu no mesmo dia em que os apoiantes e críticos de Le Pen marcham em Paris, França, em manifestações separadas após a sua condenação por apropriação indevida de fundos públicos.

A líder da extrema-direita francesa classificou a sua condenação como “um ataque perpetrado pela justiça contra os dirigentes que protegem o seu país e a sua soberania”.

“O ataque é muito violento e afeta todo o povo francês. Não é apenas o meu futuro que está em jogo, mas o do país, do povo francês, que não poderá eleger ou votar num candidato que deseja para dirigir o nosso país, uma vez que eu já era a favorita nas eleições presidenciais anteriores”, denunciou.

Assinalando que vai lutar e nunca ceder “à violação da democracia”, Le Pen prometeu utilizar “todos os instrumentos legais” para poder concorrer às presidenciais e “impedir esta tentativa de pôr fim ao funcionamento democrático de França”.

A União Nacional (extrema-direita) convocou para hoje uma manifestação em Paris de apoio à sua líder histórica Marine Le Pen, após a sua condenação por desvio de fundos europeus, que a tornou inelegível para cargos públicos durante cinco anos.

A ação foi convocada pelo atual líder do partido, Jordan Bardella, que encorajou a extrema-direita a sair à rua para protestar contra a decisão judicial, que também condenou Le Pen a quatro anos de prisão (dois dos quais de pena efetiva, atenuados para uso de pulseira eletrónica).

Parte da oposição francesa classificou esta manifestação como um protesto contra a independência do poder judicial em França, um princípio que constitui um dos pilares da democracia.

Nas vésperas do protesto, uma sondagem revelou que quase metade dos franceses (49%), um aumento de sete pontos percentuais num mês, quer que Marine Le Pen seja candidata às próximas eleições presidenciais, em 2027.

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