O JM, na edição do passado domingo, publicou o roteiro das festas da Madeira, ao longo do ano, realçando que o madeirense e o turista apreciam as festas, as romarias de cariz religioso, que ligam a componente das celebrações litúrgicas, procissões e promessas, ao arraial propriamente dito, com artistas locais ou convidados de renome, muita gastronomia e poncha, vinho seco e cerveja.
Há multidões a usufruir deste roteiro por toda a Ilha. Momentos que reúnem famílias, grupos de amigos, curiosos, peregrinos, motivos para intensos convívios e vivências.
Com pena descortinei que não foi mencionado o Camacha de Ontem-Madeira de Sempre.
Então, falemos um pouco dessa realização, porque quem não conhece não procura.
Desde 2019 que a ADESCA-Associação para o Desenvolvimento Social e Cultural da Camacha- organiza um evento digno de figurar no roteiro dos eventos tradicionais e culturais que valorizam o calendário regional. É uma festa e homenagem à tradição.
Agende: a 12 e 13 de Julho, realiza-se a sexta edição do Camacha de Ontem – Madeira de Sempre.
Consiste em mergulhar nas tradições, usos e costumes de outrora, que transportamos. É uma revivência que nos define, que mostra a nossa forma de vida, entre meados do século XIX e XX.
É uma Mostra Etnográfica, aliada à gastronomia e muita animação.
Ocorre na Camacha, uma Vila serrana que mantém viva a tradição, apesar dum certo abandono da actividade turística, bastante afetada pelo encerramento de estabelecimentos, dinamizadores do Largo da Achada, um planalto aprazível, onde se jogou futebol pela primeira vez em Portugal.
Reproduz, de forma genuína, autêntica, actividades do período referenciado,(meados do sec. XIX a meados do sec. XX).Como é possível, porém, uma Vila serrana, situada nas terras altas da Ilha, lançar-se num evento que obriga à adesão de muitos figurantes, à envolvência de muitos entusiastas, rondando os 500…?A Camacha é sede de muitos grupos organizados.
Senão, vejamos: Seis grupos de folclore, uma Casa do Povo muito dinâmica, com alguns dos seus grupos envolvidos, uma Associação Desportiva, cujo Núcleo de Veteranos participa com galhardia; instituições sociais; Grupos de romarias de pastores; organizações para-religiosas, Academia Sénior…
E como participam estes grupos e Instituições?
Dinamizando um Cortejo Etnográfico, que reconstitui atividades de ontem : Lenhadores, preparadores do vime, ceifa e malha do trigo, cortejo do pão, a tenda, jogos tradicionais, visitas do Espírito Santo, vivências natalícias, a tasca, os reis, a sidra, as tosquias, as profissões, entre outros, enfim, é a história dum povo que desfila.
E desfila em carros alegóricos, à volta duma dezena, magnificamente preparados, onde os grupos e instituições se esmeram para uma revivência condigna, fiel, e surpreendente.
Gastronomia.
Uma presença a registar é a gastronomia da época, com os brindeiros, o macarrão à camacheira, o bolo do caco na hora, a sopa de trigo, a vinho e alhos, o porco no espeto, a sangria, a poncha, e as tradicionais bebidas de arraial.
A 12 de Julho, o Cortejo Etnográfico, no centro da freguesia, entre a igreja antiga e o Largo da Achada.
A 13, a Mostra Etnográfica, com a tradição ali à mão de semear. Os mais jovens aprendem, os menos jovens recordam e revivem, com a Animação dos Grupos Locais.
Será ponto de encontro de gerações, interessante, diferente, com autenticidade, rigor, animação e novidade.
Façam parte desta vivência preparada com muitas cautelas, muita investigação, muita alegria, muito empenho, muita criatividade.
A 12 e 13 de Julho a Camacha espera-vos.