A sabedoria, o conhecimento verdadeiro, é algo que transcende as modas e opiniões, que infelizmente demora a conhecer-se e que está em vias de extinção. É óbvio que as redes sociais transformaram a sociedade através dos smartphones. Mas são problemas tão recentes na humanidade que existem tantas dúvidas do que fazer com tudo isto. O que coloca a sabedoria em vias de extinção é a quantidade absurda de notícias falsas e conteúdos “melhorados”. A realidade perde-se na ficção que nos tentam vender.
Olhemos para as novidades da história do século XX. Foram colocadas drogas em produtos comerciais, como o caso da cocaína na coca-cola®, que depois foi retirado. O LSD utilizado inicialmente em experiências laboratoriais, depois disseminado até ser proibido. O caso do álcool, nas sopas de cavalo cansado do antigamente, bebido de tantas formas diferentes, por crianças, grávidas, idosos, … será que a proibição de consumo por menores é um exagero? Será que devemos recomendar às grávidas beberem? Depois de tantas consequências de saúde e culturais, percebemos que as novidades ou os prazeres, vêm cheios de riscos e que têm de ser regulados. Mesmo quando parecem que são “de graça” como as redes sociais, já os antigos diziam para termos muita cautela com o que nos era dado “de graça”. Mas parece que esquecemos o que ouvimos e esquecemos a história.
Tendo em conta os estragos cognitivos, à saúde mental e sociais do uso destas tecnologias, parece-me demasiado fácil arriscar que este será mais um daqueles arrependimentos universais da humanidade. Se o smartphone no bolso já diminui a inteligência, a inteligência artificial no bolso e a resolver todos os assuntos do dia-a-dia, escola, trabalho, … deixa-nos completamente condenados. As máquinas de calcular já nos roubaram o cálculo mental. A inteligência artificial e as redes sociais, roubam-nos a humanidade. Descobrir a verdade e a mentira sempre foi um desporto com a sua dificuldade, mas atualmente está impossível de praticar. Todos estão a vender alguma coisa e é a nossa atenção que estão a negociar. Quanto mais a oferecemos, menos temos para a nossa vida.
Quando queremos aprender uma capacidade nova, seja de desporto, arte, conhecimento, … qualquer instrutor nos dirá que para podermos tornar-nos competentes, teremos de dedicar todos os dias 1-2 horas. Então claramente a maior parte da sociedade é supereficiente nas redes sociais… infelizmente não. Somos apenas consumidores, influenciados, manipulados. As empresas donas destas redes estão milionárias. Não é por acaso…
E a sabedoria da história contará que países que retiraram os sistemas electrónicos da aprendizagem e limitaram as redes sociais aos adultos, estavam na frente da solução. Este problema associa-se ao problema criado pelas versões da Disney® de contos populares. O conceito de príncipes e princesas que vivem felizes para sempre com uma falsa magia em que se canta e os animais vêm ajudar. Estes conceitos interiorizam-se na humanidade que assiste e cria falsas noções da realidade. Como torna a realidade falsa, estamos a construir pessoas com alicerces ocos. O que acontece a seguir, quando abrimos a porta ao mundo é que as pessoas preferem mostrar o seu conto de fadas, à dura realidade. E quem assiste, prefere ver os contos de fada, à realidade. Acabamos a viver num mundo falso, onde a doença mental e social prolifera, porque o conto de fadas de cada um, só existe mesmo na sua cabeça.