O presidente do partido de extrema-direita francês União Nacional pediu hoje uma “mobilização popular e pacífica”, depois de a antiga líder Marine Le Pen ter ficado impedida de exercer cargos públicos por desvio de fundos públicos.
A condenação da antiga presidente da União Nacional (RN, na sigla em francês) e atual líder parlamentar do partido “é um escândalo democrático”, escreveu Jordan Bardella numa mensagem na rede social X.
“Através da nossa mobilização popular e pacífica, vamos mostrar-lhes que a vontade do povo é mais forte”, afirmou, colocando uma ligação para uma petição na página na Internet do partido em que denuncia “a ditadura dos juízes”.
Marine Le Pen foi condenada, esta manhã (hora local), pelo Tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100.000 euros e a cinco anos de inelegibilidade.
Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
O advogado de Le Pen anunciou que vai recorrer da decisão, embora a interdição de exercer cargos públicos não seja passível de recurso.
Por sua vez, uma das vice-presidentes do RN, Edwige Díaz, afirmou à agência de notícias espanhola EFE que o partido não está a considerar um “plano B” para Marine Le Pen.
“Estamos convencidos da nossa inocência, estamos confiantes de que a justiça o reconhecerá no recurso (…). É por isso que não temos um plano B, nem Jordan Bardella, nem os outros líderes do partido estão a pensar nisso”, declarou Díaz, que pertence ao círculo mais próximo de Marine Le Pen.
A deputada participou na reunião de emergência que o RN realizou hoje à tarde na sua sede em Paris e disse ter visto “Marine como sempre, combativa e determinada”, apesar da execução imediata da sentença de desqualificação e da falta de uma data concreta para o recurso.
“Não sabemos a data do recurso, mas ainda faltam dois anos [para as eleições presidenciais de 2027]. Até lá, vamos continuar a lutar. Vamos apelar aos eleitores para que se juntem a nós e votem em nós nas próximas eleições, as eleições municipais de 2026”, acrescentou.
Díaz garantiu que o partido não vai organizar manifestações, embora tenham começado a surgir outras iniciativas de pressão, como uma recolha de assinaturas lançada por Jordan Bardella, delfim de Le Pen e provável candidato do RN caso a atual líder não se possa candidatar.
Para a deputada, “milhões de franceses” estão indignados com esta decisão – o RN é o partido mais votado em França, com 10,5 milhões de eleitores -, precisamente quando uma última sondagem para 2027 dava Marine Le Pen como a grande favorita para alcançar o Eliseu, com 37% de apoio na primeira volta.
Edwige Díaz defendeu que “os patriotas estão a enfrentar uma deriva preocupante” na União Europeia, uma instituição que, criticou, “se gaba de falar de democracia, mas só no papel”.