O ‘IDEIA: Investigação e Divulgação de Estudos e Informação sobre a Autonomia’, da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, no âmbito das atividades adscritas à Livraria Parlamento Madeira, organiza, em parceria com o Conselho de Cultura da Universidade da Madeira, a Conferência ‘O Entorno Português de Miguel de Cervantes’, pelo Doutor Aurelio Vargas Díaz-Toledo, professor titular da Universidade Complutense de Madrid, que acontecerá amanhã, dia 1 de abril, pelas 11 horas, no Campus da Penteada (Piso 3, Anfiteatro 6).
A conferência basear-se-á no livro que o próprio orador escreveu, recentemente publicado em Espanha e inteiramente dedicado a todos os portugueses que se relacionaram com Miguel de Cervantes, quer no plano da amizade (Cervantes apreciava Portugal e não o escondeu na sua obra) quer no plano do encontro fortuito derivado das circunstâncias da sua vida, como foi o caso dos companheiros de cativeiro, em Argel.
Miguel de Cervantes (1547 -1616), também poeta e dramaturgo, é o mais celebrado romancista espanhol, autor de ‘Dom Quixote de la Mancha’, que teve grandes tradutores para língua portuguesa, como a do grande Aquilino Ribeiro ou a de José Bento, ambas ainda no mercado. Convém lembrar que o impacto cultural desta obra de Cervantes foi deveras extraordinário, porque neste livro foram criadas personagens que rapidamente se tornaram arquétipos universais (D. Quixote, generoso e idealista; e Sancho Pança, interesseiro e pragmático).
O conferencista tem uma já longa relação com Portugal e a Cultura Portuguesa, sobretudo através da Região Autónoma da Madeira, tendo inclusivamente aqui feito investigação e publicado, na Revista Islenha nº 43, por exemplo, altura em que deu conta da sua importante descoberta no Arquivo Nacional Torre do Tombo de um precioso códice (o nº 686 da Torre do Tombo), onde Díaz-Toledo pôde discernir as duas partes de um perdido e importante romance de cavalaria (género muito em voga no séc. XVI e por pouco mais adiante) de um hoje esquecido, mas muito apreciado autor madeirense, Tristão Gomes de Castro, cuja obra andava perdida.
Na sequência desta descoberta, Aurelio Vargas Díaz-Toledo apostou, primeiro, em preparar uma edição crítica deste importante livro de cavalaria (romance cavaleiresco), trabalho que resultou da sua tese de doutoramento, que acabou por publicar em Espanha, com o Alto Patrocínio do Governo Regional da Madeira (SRTC / DRC), e bem assim, depois, em recolher, sobretudo na Madeira, o rasto da existência deste esquecido autor madeirense, nascido em 1539, projeto que deu origem a um estudo biográfico que está no prelo e que virá à luz a expensas e em edição do Arquivo e Biblioteca Pública da Madeira.
A conferência, embora no Campus Penteada e em especial dirigida aos alunos de Cultura Portuguesa Contemporânea, está aberta a todos os interessados.