O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou-se hoje “muito zangado” e “furioso” com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, por causa da guerra na Ucrânia, e ameaçou impor novos impostos sobre o petróleo russo, numa entrevista televisiva.
“Se a Rússia e eu não conseguirmos chegar a um acordo para pôr um fim ao banho de sangue na Ucrânia, e se eu acreditar que foi culpa da Rússia, o que pode não ser, vou impor tarifas secundárias sobre todo o petróleo que sai da Rússia”, alertou Donald Trump, numa entrevista concedida à rede norte-americana NBC.
Segundo o governante, isso significaria que se alguém comprar petróleo da Rússia “não poderá fazer negócios nos Estados Unidos” e que a tarifa poderia chegar a 50%.
Trump também explicou que os impostos entrariam em vigor dentro de um mês se não houvesse um acordo de cessar-fogo e que Putin sabe que está zangado, mas acrescentou que tem “um relacionamento muito bom com ele” e que “a raiva se dissipará rapidamente se ele fizer a coisa certa”.
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) adiantou que planeia falar com Vladimir Putin nos próximos dias.
Os comentários de Trump foram feitos depois de Putin ter proposto na sexta-feira substituir o Governo ucraniano, presidido por Volodymyr Zelensky, por uma administração temporária para realizar eleições na Ucrânia e, segundo o líder russo, “começar a negociar um acordo de paz”.
“Um governo temporário poderia ser estabelecido na Ucrânia sob os auspícios da ONU, dos EUA, de países europeus e de outros parceiros”, disse Putin.
Trump disse ter ficado muito irritado com essa proposta, mas a realidade é que elas estão em linha com comentários anteriores do Presidente norte-americano, que há pouco mais de um mês chamou a Zelensky “ditador sem eleições” e depois o repreendeu numa reunião na Sala Oval da Casa Branca, a ponto de o convidar a sair.
Os Estados Unidos já têm várias sanções contra a Rússia, mas, segundo a imprensa norte-americana, o Governo considerou aliviá-las como parte de um caminho para melhorar as relações.
No entanto, o Kremlin enfatizou que a sua aprovação do acordo de cessar-fogo está sujeita ao levantamento das sanções.
Na mesma entrevista, Trump ameaçou o Irão com bombardeamentos caso falhem as negociações sobre o acordo nuclear iraniano.
“Se eles não concordarem, haverá bombardeamentos”, garantiu, evocando também a possibilidade de impor novas taxas alfandegárias ao Irão.
O Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, reiterou hoje que o país está aberto a negociações indiretas com os Estados Unidos e disse que é o comportamento dos norte-americanos que determina a continuação do caminho do diálogo.
Essa foi a mensagem transmitida pelo Irão aos EUA, numa resposta à carta de Donald Trump, que instava Teerão a negociar o seu programa nuclear.
Teerão e Washington não têm relações diplomáticas desde 1980 e só têm trocas indiretas através da embaixada suíça em Teerão, que representa os interesses norte-americanos no Irão.
As autoridades norte-americanas e iranianas estão “a conversar”, afirmou Donald Trump, sem especificar a natureza das discussões.
O Presidente norte-americano, que tem aumentado a pressão sobre Teerão após seu regresso à Casa Branca, em 20 de janeiro, já tinha alertado que “as coisas vão dar errado” para o Irão na ausência de um acordo.
A república bilionária retirou-se, juntamente com os Estados Unidos, de um acordo internacional com o Irão durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, mas posteriormente mostrou-se aberta ao diálogo para enquadrar as atividades nucleares iranianas.
Paralelamente, Donald Trump reforçou a sua política de “pressão máxima” contra o Irão, com sanções adicionais e a ameaça de ação militar em caso de recusa.