O primeiro-ministro da Gronelândia criticou hoje o Presidente norte-americano, Donald Trump, por afirmar que os Estados Unidos irão assumir o controlo do território insular, e sublinhou que a ilha não pertence “a mais ninguém”.
A Gronelândia é um território autónomo da Dinamarca, um aliado da NATO (aliança transatlântica), mas Donald Trump, que tomou posse em janeiro, manifestou a pretensão de anexar o território, rico em recursos, alegando essa necessidade para fins de segurança nacional.
“O Presidente Trump diz que os Estados Unidos ‘irão ficar com a Gronelândia’. Quero ser claro: os Estados Unidos não irão ficar com a Gronelândia. Não pertencemos a mais ninguém. Decidimos o nosso próprio futuro”, escreveu Jens-Frederik Nielsen numa publicação no Facebook.
A posição do primeiro-ministro é assumida um dia depois de o Presidente norte-americano ter afirmado, numa entrevista à NBC News, que a opção de recorrer à força militar para adquirir a Gronelândia não estava descartada.
“Acho que há uma boa possibilidade de conseguirmos isso sem o uso da força militar”, afirmou Trump, sublinhando, no entanto, que é uma questão de paz mundial e segurança internacional. “Não descarto nada”, acrescentou.
Trump disse também não se importar quando questionado sobre que mensagem essa posição enviaria ao Presidente russo, Vladimir Putin, que invadiu a Ucrânia e anexou várias das suas províncias em violação do direito internacional.
Na sexta-feira, o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, visitou a única base militar dos Estados Unidos na Gronelândia, onde afirmou que a Dinamarca “não fez um bom trabalho” naquele território para a segurança internacional.
A posição dos Estados Unidos tem gerado forte contestação e, no sábado, milhares de pessoas participaram em manifestações na Dinamarca em apoio à Gronelândia e contra as pressões do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, considerou as críticas de Vance “injustas”, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, as considerou “inapropriadas” e instou os EUA a “olharem-se ao espelho”.
Entretanto, a chefe do Governo da Dinamarca desloca-se na quarta-feira à região autónoma para uma visita de três dias com o objetivo de “reforçar a unidade com a Gronelândia”.