Sindicato SITAM contesta substituição de trabalhadores por máquinas

Presidente do SITAM continua com a luta ao lado das ex-trabalhadoras do Pingo Doce

Tal como revelado na edição impressa do JM desta quinta-feira, o caso das funcionários do Pingo Doce em processo de desvinculação da empresa conheceu este dia mais um desenvolvimento. Desta vez, as funcionárias e o sindicato liderado por Ivo Silva reuniram-se com Savino Correia, da Direção Regional do Trabalho. Próximo passo é reunir-se com o novo secretario que vier a sair do Governo de Miguel Albuquerque. Da reunião, Ivo Silva, presidente do SITAM, diz que saiu “desiludido” com a posição da DRT.

O sindicalista prestou declarações após a reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Comércio e Serviços da RAM (SITAM) e a Direção Regional do Trabalho (DRT), na sequência do despedimento de 18 trabalhadoras da loja Pingo Doce em Santo António. O sindicato levanta dúvidas sobre os fundamentos do despedimento e alerta para o impacto da automação no setor.

Segundo Ivo Silva, o sindicato pretendia discutir a substituição de trabalhadores por máquinas e solicitou a presença da administração do Pingo Doce na reunião, o que não aconteceu. “O Pingo Doce está no centro da questão, mas não era o foco principal desta reunião”, afirmou, referindo que a preocupação do SITAM vai além desta empresa, incluindo também outras cadeias como a SONAE do Modelo Continente e o Super São roque.

O responsável pelo SITAM defende que é fundamental garantir a segurança dos postos de trabalho. “Se não for possível evitar a introdução de máquinas, que pelo menos as empresas cumpram com a legislação laboral”, declarou. O Pingo Doce não respeitou os procedimentos legais, despedindo funcionárias sem lhes pagar a devida indemnização.

Tal como referido no JM, o Pingo Doce justificou os despedimentos com “práticas danosas” por parte das trabalhadoras, referindo alegados furtos e desvios de produtos, especificamente na sua loja, em Santo António. No entanto, Ivo Silva questiona a validade destas acusações, argumentando que as funcionárias envolvidas negam qualquer conduta ilícita. Ivo Silva critica a empresa por não ter seguido um processo disciplinar adequado. “Nem sequer houve uma advertência verbal ou escrita antes do despedimento. As funcionárias foram pressionadas a assinar a rescisão dos contratos sem direito a defesa”, afirmou.

No final da reunião, o SITAM solicitou à Direção Regional do Trabalho a convocação de uma nova reunião, desta vez com a participação de vários sindicatos e grandes cadeias de supermercados. “Não podemos permitir que este tipo de processos se repita. Hoje foram 18 trabalhadores, amanhã podem ser muitos mais”, alertou o presidente do SITAM.

O sindicato também considera a possibilidade de levar a questão até à Secretaria da tutela, caso não haja uma resposta eficaz das entidades governamentais. “A Direção Regional do Trabalho alega não ter competência para intervir, mas este é um problema que precisa de uma solução legislativa”, concluiu o sindicalista, sublinhando que a luta pela proteção dos direitos dos trabalhadores continuará.

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