O ex-presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, defendeu hoje um bloco central entre PSD e PS, assente no entendimento de “alargar a autonomia política” do arquipélago, que hoje realizou eleições legislativas antecipadas.
“Eu sou a favor de um bloco central. Claro que, para haver um bloco central, o PSD tem de querer e o PS tem de querer”, disse, comentando as projeções eleitorais na RTP Madeira.
“O problema” está nas lideranças, apontou, reconhecendo que esse cenário “é quase impossível”.
Mas, num quadro “meramente teórico”, o social-democrata apontou “o que seria o ideal” para a Madeira.
“Não acredito é que esta gente seja capaz do ideal”, lamentou, classificando a classe política madeirense atual como “menos patriótica e mais partidocrata” e sem “a grandeza” necessária para fazer isso.
O ex-líder regional insistiu que “uma aliança PSD-PS seria possível desde que houvesse um contrato entre os dois partidos no sentido de “um alargamento da autonomia política da Madeira”, o que significaria “pôr a Madeira à frente” e não estas “brincadeiras partidárias”.
O futuro da Madeira passa por “alargar a autonomia política” e, para tal, “é necessário o contributo do PSD e do PS”, realçou.
No mesmo espaço de comentário da RTP Madeira, o socialista Maximiano Martins reagiu à proposta de bloco central reduzindo essa possibilidade a um acordo entre os dois maiores partidos “em matérias governativas”, como se passou a nível nacional. “São possíveis”, disse.
No caso de o cenário pós-eleitoral vir a passar por acordos do PSD – que, segundo as projeções, está no limiar da maioria absoluta – com partidos à direita (ainda que estes os façam depender da substituição de Miguel Albuquerque na chefia do governo), Alberto João Jardim alertou para “a precariedade dos acordos parlamentares”, defendendo que, “para um governo durar quatro anos”, os partidos que o suportam devem ser chamados a “responsabilidades governativas”.
Isso porque “ter partidos que apoiam, mas depois tiram o tapete, lança outra vez uma sensação de instabilidade, de falta de certeza”, realça.
A projeção do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa indica ainda que o JPP – Juntos Pelo Povo deverá ter entre 18% e 22% dos votos, obtendo de nove a 12 assentos, podendo vir a ser a segunda força política.
Reagindo a esse cenário, Alberto João Jardim disse esperar que tal não aconteça, preferindo o PS, que sabe “ao que vem”, a “um partido de protesto”.
A maioria absoluta situa-se nos 24 eleitos na Assembleia Legislativa da Madeira, que tem um total de 47 assentos.
Mais de 255 mil eleitores foram hoje chamados a votar nas legislativas regionais antecipadas da Madeira para escolher a nova composição do parlamento do arquipélago, com 14 candidaturas na corrida.
Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, tendo concorrido um círculo único as seguintes candidaturas CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As últimas regionais realizaram-se a 26 de maio de 2024, tendo o PSD conseguido eleger 19 deputados, o PS 11, o JPP nove, o Chega quatro (mas, uma deputada tornou-se, entretanto, independente) e o CDS-PP dois. PAN e IL garantiram um assento cada.