Bom dia. A Madeira está em reflexão.
Portanto, é proibido falar de campanha, de partidos ou de políticos. Quem tem folhetos, esconda-os. Quem tem brindes, que os guarde. Quem tem internet, não se esqueça de desligar os dados móveis.
Bem, já agora sempre pode aderir hoje à Hora do Planeta e apagar as luzes. Senão, corre o sério risco de prevaricar.
O dia de reflexão é do tempo do PREC (Processo Revolucionário em Curso). Já lá vão 50 anos. Desde então, mudou quase tudo no mundo em que vivemos. Mas há exceções. Para além dos limites dos ventos no aeroporto da Madeira, que permanecem imutáveis desde os anos 60, os legisladores também nos indicam que a cabeça dos eleitores pouco ou nada se alterou, apesar de atualmente a informação atingir até quem se esforça por se manter desinformado.
Aos eleitores, é-lhes passado uma espécie de atestado de menoridade, dando a entender que continuam amarrados à influência dos que manifestam algum dom para a palavra. Condição importante para aqueles que andam nas lides políticas, embora nem todos revelem poder de argumentação, como se tem visto e revisto nesta espécie de pandemia eleitoral que atravessamos.
Diga-se, no entanto, que este dia de reflexão não tem mal nenhum. Bem pelo contrário… Aliás, se fosse referendado, quase que juramos que seria aprovado por larga maioria e até, eventualmente, ser replicado várias vezes durante o ano, refletindo, de algum modo, a forma como os cidadãos encaram um género de partidarite que eliminou o pensamento próprio de quem se apresenta como elegível.
Mas, o silêncio de hoje também pode ser interpretado como uma espécie de pesar. Um voto de condolências por um regime democrático que transpira toxicidade. Mais do que tentar solucionar os problemas que afetam todas as classes, especialmente quem esperaria viver do trabalho e só se limita a sobreviver em dificuldades, nas ilhas ou na República assistimos a um ininterrupto lavar de roupa suja que se tem tornado nocivo para o estado democrático.
Sempre podem dizer que o problema é haver roupa suja para lavar. Mas a regularidade com que surgem temas censuráveis e/ou demagogos em tempo de sufrágios tem muito pouco de coincidências.
As taxas de abstenção ameaçam o presente e colocam sérias interrogações sobre o futuro. Mas há sempre quem não se deixe influenciar pelas reflexões – em voz alta – que vai ouvindo dia após dia, repletas de casos e casinhos que, mais uma vez, retiraram espaço crítico construtivo ao debate político.
Aos cidadãos, espera-se responsabilidade. Que saibam diferenciar a importância do ato e não se afastem por não acreditar nisto ou naquilo. Que se cheguem à frente para definir o caminho que pretendem, mesmo que depois se considerem enganados e mudem lá mais para a frente. Esperemos, no entanto, que a mudança – ou falta dela – chegue apenas daqui a quatro anos. Por cansaço do eleitor, pelo custo financeiro e pelo ambiente. Caso contrário, é preciso pensar em maneiras do papel acompanhar a reciclagem governativa.