Assembleia Geral do Clube Naval do Funchal aqueceu, mas deixou tudo na mesma

António Fontes, presidente da direção do Clube Naval do Funchal.

Mais de 200 sócios do Clube Naval do Funchal estiveram na assembleia geral ordinária que se realizou este sábado, e que incluía na ordem de trabalhos a deliberação sobre a participação do clube no capital social de uma sociedade anónima para explorar a Marina do Funchal.

O ponto três da ordem de trabalhos prometia gerar discussão e assim foi. A sala da sede do Clube Naval, na Rua da Quinta Calaça, foi pequena para as duas centenas de associados que quiseram pedir esclarecimentos e votar as propostas.

No entanto, assim que entrou em discussão o ponto três, que visava “deliberar sobre a participação do Clube Naval do Funchal no capital social de uma sociedade comercial anónima a constituir com objeto na exploração na Marina do Funchal”, o presidente da direção tomou a palavra para explicar que a sua inclusão na ordem de trabalhos não era, afinal, necessária.

Livramento Silva, vice-presidente do clube, lembrou o processo que envolveu a entrada da Associação Marina do Funchal – da qual o Clube Naval é um dos associados, a par do Centro Treino Mar – no concurso público internacional par exploração da Marina do Funchal. Explicou a responsável que a associação foi oficialmente notificada já este mês do resultado, mas também informada de para satisfazer as necessidades do caderno de encargos, a entidade concorrente tinha de ser uma sociedade anónima. Um fator que levou a que as instituições integrantes da Associação Marina do Funchal tivessem de trabalhar “em contrarrelógio” para criar essa sociedade anónima.

Perante as críticas de alguns sócios, que apontavam o dedo à colocação do tema a debate e apreciação “à pressa”, António Fontes interveio em seguida, para dizer que o ponto três tinha sido incluído na ordem de trabalhos da sessão ordinária devido “aos prazos apertados” e como forma de precaver eventuais questões jurídicas, mas que, apreciados todos os requisitos, a sua votação não era precisa.

O presidente da direção do Clube Naval adiantou que a sociedade anónima a constituir no nome da Associação Marina do Funchal será uma entidade inteiramente distinta e que não onera nem implica responsabilidades ao Clube Naval e aos seus associados. António Fontes acrescentou que a criação desta sociedade anónima não está dependente de votação em assembleia geral, pelo que a inclusão deste ponto não era necessária e, fazendo ‘mea culpa’, anunciou a retirada da ordem de trabalhos. Ainda assim, garantiu que se mantinha disponível para prestar esclarecimentos, mesmo após a sessão.

Os ânimos aqueceram e vários sócios exigiram esclarecimentos, pelo que, quase imediatamente, a direção do CNF voltou atrás e repôs o ponto 3 a discussão. Seguiu-se então mais de duas horas de perguntas e esclarecimentos, embora muitos dos sócios tenham deixado a sessão queixando-se da existência de muitas dúvidas em torno das questões levantadas.

Após mais de duas horas de discussão, o ponto três acabou mesmo por ser retirado da ordem de trabalhos, mesmo tendo sido colocado em ata que a constituição da sociedade anónima em nada iria onerar o Clube Naval e os seus sócios.

Em relação aos restantes pontos, foram aprovados o relatório de gestão e contas do exercício da direção e parecer do conselho fiscal relativamente ao ano de 2024 – aprovado com 20 abstenções –, tal como o plano de atividades e orçamento para o ano de 2025 – aprovado com seis abstenções e cinco votos contra. Sem o ponto três na votação, mais celeuma causou o ponto quatro, que visava deliberar sobre a atribuição da qualidade de sócios efetivos a um treinador e ex-atleta de natação, João Pedro Vieira, e a um treinador e atleta de judo, César Nicola, mas que ainda assim acabou por ser aprovado – num universo de 208 votantes, sete sócios abstiveram-se e 47 votaram contra.

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