A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou hoje que o partido está à beira de eleger um deputado na Madeira, o que “pode mudar tudo”, mas não esclareceu se está disponível para suportar um eventual executivo de esquerda.
“O Bloco não tem medo, nem nunca teve medo de ser oposição”, disse, realçando que o partido “é, foi e continuará a ser” uma oposição ao regime do PSD, que governa a região autónoma desde 1976 e surge à frente nas sondagens divulgadas esta semana pelos matutinos regionais JM e Diário de Notícias da Madeira.
Mariana Mortágua falava aos jornalistas no centro do Funchal, no âmbito de uma ação de campanha da candidatura do Bloco de Esquerda às eleições do próximo domingo no arquipélago, focada no tema da habitação.
A coordenadora do BE colocou um autocolante num cartaz com o preço atualizado por metro quadrado no Funchal, sendo que, de acordo com o partido, comprar casa na capital madeirense custa agora 3.528 euros por metro quadrado, mais 300 euros do que há dez meses, quando o PSD venceu as eleições antecipadas.
“Nós fomos ao longo dos últimos 50 anos uma oposição ao regime do PSD/Madeira”, afirmou Mariana Mortágua, acusando a governação social-democrata de ter “limitado e asfixiado a democracia” na região, bem como de ter perseguido os opositores, impondo “uma zona onde a pobreza é das maiores do país, onde as desigualdades são das maiores do país, o preço das casas é dos mais altos do país, mas os salários são os mais pequenos”.
“Esse é o regime do PSD na Madeira”, reforçou.
Embora as sondagens apontem para uma nova vitória dos social-democratas, Mariana Mortágua considera que a eleição de um deputado do Bloco de Esquerda está a beira de acontecer e “pode mudar tudo”.
“A única coisa que nós queremos fazer até domingo é garantir às pessoas que a eleição de deputados regionais do Bloco de Esquerda pode mudar tudo. Esta eleição pode mudar o cenário político na Madeira”, sustentou, avisando que “a manutenção do poder do PSD e da direita só vai degradar um regime que está em desagregação”.
A dirigente bloquista defendeu, por outro lado, que só o seu partido é capaz de fazer baixar o preço das casas na Madeira e no país inteiro, sublinhando, por isso, a importância da eleição de representantes no domingo.
“A eleição de um deputado do Bloco de Esquerda para o parlamento regional pode mudar tudo e é essa mudança que nós queremos trazer e o que queremos dizer às pessoas (…) é que o voto no Bloco é para baixar o preço das casas, é para baixar a renda, é para baixar o preço da compra, é para ter mais casas a preços acessíveis”, declarou.
O Bloco de Esquerda, cuja candidatura é encabeçada pelo antigo líder regional Roberto Almada, perdeu o único deputado que tinha na Assembleia Legislativa nas eleições antecipadas de 26 maio de 2024.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional minoritário do PSD, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque – e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).