O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou uma saída de campo, no dia 15 de março, ao longo da Levada do Norte, cujo trajeto teve início na Encumeada.
Neste local, abunda uma vegetação nativa dominada por loureiros, faias, urzes e uveiras, mas, infelizmente, os incêndios de agosto do ano passado destruíram uma parte significativa deste património natural, criando um cenário desolador e preocupante, com o verde a ser substituído pelo negro das plantas carbonizadas.
“Ao contrário das lauráceas, as urzes queimadas pelo fogo não rebentam de toiça, pelo que, numa área de declive acentuado como esta, o solo desprovido de vegetação, conjuntamente com as rochas soltas, facilmente é arrastado pelas águas de escorrência, pondo em causa a segurança de pessoas e bens. Felizmente, e porque neste local também abundam lauráceas e faias, é notória uma regeneração natural, com a emergência de rebentos na base destas árvores. No entanto, a recuperação destes ecossistemas pode demorar décadas ou séculos, pela dificuldade de regeneração de determinadas espécies (como é o caso das urzes, que apresentam crescimento lento), pela orografia e geologia dos locais, que podem dificultar a sobrevivência das plantas, agravada pelas alterações climáticas que estão a aumentar a frequência de eventos meteorológicos extremos.
É de referir que não foi possível fazer o percurso inicialmente traçado, em direção ao Folhadal, pela impossibilidade de atravessar o túnel, em consequência do grande caudal da Levada do Norte que alagava em alguns centímetros a esplanada da levada.
Em alternativa, foi feito apenas a parte inicial do Percurso Recomendado 21, entre a Encumeada e o Chão dos Louros. Aqui ocorre uma floresta de loureiros, folhados e faias, com um estrato arbustivo dominado por uveiras. Apesar do piso se encontrar encharcado pelas chuvas de março, as belas vistas sobre o vale de São Vicente faziam valer a caminhada.
A terceira etapa da saída de campo contemplou o Sítio das Ginjas, em São Vicente. Efetuou-se uma visita à galeria da Fajã da Ama (projetada para captação de água para consumo humano), situada poucos metros acima da Levada Fajã do Rodrigues. As suas águas são mineralizadas, encontrando-se a uma temperatura ligeiramente superior às das águas circundantes. Seguiu-se uma caminhada pelo percurso recomendado 16, ao longo da Levada Fajã do Rodrigues. Esta levada tem a sua madre na Ribeira do Inferno e ao longo da sua extensão encontram-se algumas quedas de água de grande beleza. A orografia deste local, tal como em muitos locais da costa norte da Madeira, inviabilizou a ocupação humana, pelo que a Laurissilva se encontra em razoável estado de conservação, sendo possível observar um interessante número de espécies nativas e endémicas e a forma como se associam.
É de enaltecer a presença assídua e amiga do professor Diamantino Santos que, com as suas explicações, ajuda-nos a perceber melhor o património natural e cultural desta ilha, assim como, a enriquecer o nosso conhecimento”, refere nota à imprensa.