Na sessão solene do 235.º aniversário da freguesia do Curral das Freiras, Manuel Salustino, presidente da Junta de Freguesia do Curral das Freiras, pediu hoje a colaboração do Governo Regional e da Câmara Municipal de Câmara de Lobos na reabertura dos percursos que se encontram encerrados e condicionados desde agosto do ano passado devido aos incêndios. Entre os trilhos, destacou o da Boca dos Namorados e do Pico Grande que são “importantes para e economia” local.
“Quero em especial apelar ao Instituto das Florestas e ao Município de Câmara de Lobos a colaboração no sentido de, juntos, intervirmos para a sua reabertura antes do verão. Estes percursos de montanha são essenciais para a nossa pequena economia”, disse o autarca, no auditório do Centro Cívico, lembrando que muitos turistas, sobretudo jovens, procuram o alojamento rural da freguesia com o objetivo de usufruir destas rotas.
Durante o discurso, Salustino fez um balanço dos quase 12 anos à frente da Junta e voltou a sublinhar, em tom crítico, a necessidade urgente de novas acessibilidades rodoviárias para a freguesia, que atualmente tem apenas uma ligação ao Funchal. “É necessário no futuro que, quem for Governo Regional, tenha a coragem dos curraleiros e, sem hesitar, avance para a construção desta nova ligação”, afirmou.
O autarca destacou ainda a importância da criação de um acesso agrícola e florestal na zona da Fajã dos Cardos, ligando à Fajã Capitão. Esta via, explicou, além de facilitar o transporte da produção agrícola, como a castanha e a ginja, funcionaria como um corta-fogo natural, contribuindo para a prevenção de incêndios florestais.
Manuel Salustino incentivou também o investimento privado na freguesia. “Nesta última década, o nosso comércio cresceu e temos mais alojamento local. As pessoas só ficam se a economia funcionar”, reforçou. Nesse sentido advogou: “Não temos de ter medo daqueles que querem apostar e investir quase 50 milhões de euros na freguesia”, disse, referindo-se ao futuro teleférico do Curral que arrancará ainda este verão, promovendo, “no mínimo, 50 postos de trabalho diretos”.
Ainda assim, reiterou que é preciso garantir que a freguesia esteja preparada para este novo projeto, de modo a não criar problemas de mobilidade na localidade, nem o desconforto da população.
“Falo do alargamento urgente da estrada da Eira do Serrado, desde o Vasco Gil até à entrada do túnel na Ribeira da Lapa; deve acontecer a construção de mais estacionamentos no centro da freguesia e nos seus arredores. Estes investimentos têm de acontecer em simultâneo com a criação do teleférico”, observou, acrescentando ainda que a ligação à freguesia do Jardim da Serra deve “deixar de ser projeto e passar a ser uma realidade”, em 2/3 anos no máximo.
Visivelmente emocionado ao concluir o seu discurso, Manuel Salustino, que está no final do mandato, afirmou: “Voltaria a tomar a decisão de servir esta terra maravilhosa outra vez”. “O Curral das Freiras a mim nada me deve. Sou eu que devo tanto a esta freguesia”, rematou.
Na cerimónia, usou também da palavra Manuel Pedro Freitas, presidente da Assembleia Municipal da Câmara de Lobos, o qual louvou o “trabalho, empenho e persistência” do presidente da Junta. Ademais, sublinhou a necessidade de a freguesia continuar a apostar nas acessibilidades e “olhar mais alto”, criando habitação em zonas de menores riscos. Tocou ainda na questão do teleférico, frisando que,” sem radicalismos, será possível conciliar ambiente, desenvolvimento e qualidade de vida”.
Já o vereador Bruno Coelho, em representação da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, elogiou o presidente da Junta, destacando o seu compromisso com a população. “´É fantástico aquilo que ele fez até à data de hoje”, realçou.
O responsável anunciou ainda o avanço do projeto do caminho dos Três Picos e futuras intervenções, como a melhoria da Terra Chã, e declarou ser “completamente a favor” do teleférico, classificando-o como “um projeto extremamente importante” para atrair serviços e dinamizar a economia local.
Por sua vez, Rafaela Fernandes, secretária regional de Agricultura, Pescas e Ambiente, reconheceu o trabalho dos presidentes de Junta e das “forças vivas” da freguesia, como empresários e associações. Em relação ao teleférico, reforçou que é a “vontade da população” e que o projeto trará um impacto positivo para a freguesia, o concelho e toda a Região.
A governante concluiu evocando uma frase de Manuel Salustino: “Só podemos pensar em desenvolvimento e na geração de riqueza se estivermos todos a remar na mesma direção.”