Vídeo de recriação das festas da Madeira na BTL gera indignação

A recriação das festas da Madeira no stand da Região na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) está a gerar indignação entre madeirenses, que têm expressado, desde ontem, o seu descontentamento nas redes sociais. Em causa está uma atuação protagonizada por quatro bailarinas que, vestindo variações dos trajes típicos de folclore da Madeira, apresentaram uma coreografia ao som de música contemporânea.

O vídeo da atuação, divulgado nas plataformas digitais da RTP Madeira, já reuniu milhares de visualizações e centenas de comentários, maioritariamente críticos. Muitos utilizadores consideram que o desempenho “banaliza” e “desrespeita” o traje tradicional madeirense, afirmando que a indumentária e os movimentos não representam de forma autêntica a cultura da ilha.

”Mediocridade leviana. Mais parece uma dança de terreiro de bruxas. Vergonhoso, patético”, escreveu um internauta. Outro destacou que “o traje madeirense é usado no folclore e não neste tipo de dança. Querem modernizar, tudo bem, mas não abusem do traje usado no folclore madeirense.”

Veja o vídeo:

Houve ainda quem questionasse o impacto da iniciativa na imagem da Região enquanto destino turístico, sugerindo que a atuação podia transmitir uma ideia deturpada das tradições locais. “Gostaria de saber onde é que esta coreografia enaltece o turismo e o povo da ilha da Madeira?”, interrogou um utilizador. Outros consideraram a performance uma “ofensa” ao património cultural imaterial da ilha, sublinhando que “o que é do folclore é do folclore” e não deveria ser alvo de alterações para fins promocionais.

A polémica levantou também questões sobre a gestão dos recursos públicos destinados à promoção turística da Madeira. “Isso é enganar os turistas que ainda pensam que o folclore é isto”, lê-se num dos comentários. Outro comentador escreveu: “A Madeira a ser cada vez menos Madeira, despersonalizada e vendida ao desbarato.”

Exigidas explicações a Eduardo Jesus

Foi endereçado, esta manhã, um pedido de esclarecimento sobre esta atuação a Eduardo Jesus, secretário regional da Economia, Turismo e Cultura e presidente da Associação de Promoção do Turismo da Madeira, para que este justifique a “falta de respeito pelo trabalho de todos aqueles e aquelas que, no dia-a-dia e ao longo dos tempos e dos anos, lutam pela imagem e preservação da cultura tradicional da Madeira e do Porto Santo”, lê-se numa carta aberta divulgada nas redes sociais por Eugénio Perregil.

O mesmo documento solicita informações sobre os custos, a autoria e o propósito da atuação “estranha ou bizarra”, que “nada tem a ver com a Madeira, nada a dignifica, nem contribui para a preservação do Folclore Madeirense”.

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