‘Até as guerras têm regras’ é o título do novo livro da historiadora Noémia Malva Novais, que desafia a refletir sobre os limites da guerra e da ética em tempos de conflito, através de 50 crónicas para mentes curiosas.
“Este é um livro que não nasceu como livro, mas a partir de um conjunto de crónicas que têm sido publicadas no Jornal de Notícias, desde o início da guerra na Ucrânia. Na minha qualidade de historiadora, interessei-me sobre o que é verdade ou não neste conflito e as crónicas foram surgindo”, explicou.
A apresentação de “Até as guerras têm regras – 50 crónicas para mentes curiosas” está agendada para a tarde do dia 23, no Pavilhão Centro de Portugal, em Coimbra, estando a cargo do general José Carlos Antunes Calçada.
Em declarações à agência Lusa, a autora do livro explicou que as 50 crónicas que compõem o livro cobrem cerca de dois anos e meio da invasão da Rússia à Ucrânia, onde partilha análises que pretendem levar os leitores a refletir sobre este acontecimento.
“O meu ponto de partida são os factos, olho para eles enquanto historiadora e também enquanto jornalista que já fui e vou fazendo uma análise à luz do conhecimento histórico e do que nos ensina a ciência política. É o meu contributo, o meu olhar, para se entenderem melhor os acontecimentos em determinados momentos”, evidenciou.
Umas crónicas são mais historiográficas, outras mais jornalísticas, enquanto outras têm um pendor mais literário.
“São crónicas com gente dentro. Pessoas que eram anónimas até serem mártires e ficarem imortalizadas ao perecerem ao serviço da Ucrânia. No fundo, gente normal que se agigantou perante o drama de guerra”, sustentou.
De acordo com Noémia Malva Novais, esta é a sua estreia em termos de crónicas, no entanto, conta com outras duas publicações relacionadas com guerras: “Imprensa e I Guerra Mundial – censura e propaganda 1914-1918 e “João Chagas. A diplomacia e a guerra. 1914-1918”.
“A minha sensibilidade para os temas de guerra vem das investigações históricas que fui fazendo. Esta invasão da Rússia à Ucrânia entra-nos pela casa adentro todos os dias e refletir sobre este acontecimento, comparando com outras guerras, é um exercício muito doloroso”, indicou.
Solidária com uma nação soberana que se viu invadida por uma potência vizinha, “por razões incompreensíveis”, admite que preferia que o seu livro não existisse.
“Era sinal de que havia paz na Ucrânia, paz na Europa e era um descanso para todos. Que não restem dúvidas de que quero a paz acima de tudo”, esclareceu.
Noémia Malva Novais, historiadora, escritora e antiga jornalista, exerce atualmente a função de consultora de comunicação social e política.
Dedica-se à investigação nas áreas da História Contemporânea – política, diplomática e cultural –, e das Ciências da Comunicação – média e propaganda política.
É autora de livros científicos, capítulos e artigos em livros e revistas científicas, artigos e entradas em enciclopédias e dicionários historiográficos, bem como de literatura infantil.