De manhã à noite, telemóvel

Acordar, começar um novo dia, abrir os olhos e antes de sair da cama, primeiro pensamento e primeira ação, estender o braço e pegar no telemóvel. A menina dos meus olhos. Explorar as mensagens novas, navegar pelas redes sociais, conhecer as notícias, verificar a meteorologia. Depois vem a pressa de se arranjar, um pequeno-almoço rápido a olhar para o ecrã e sair de casa voando para não se atrasar.

Mas a história não acaba aqui, no caminho para o trabalho, mesmo conhecendo os perigos, ainda há tempo para olhar para o telemóvel e pôr em risco a segurança de todos. Chegar ao trabalho, passar o dia com constantes notificações, aquela ilusão de urgência que provoca constantes interrupções e desvio do foco, da atenção e concentração e que afeta o rendimento e provoca mais erros e cansaço mental.

O telemóvel, assume cada vez mais o papel principal, tornou-se o centro do nosso universo, é agora um objeto indispensável criando uma dependência excessiva em muitas pessoas. Estes comportamentos compulsivos têm criado diversos efeitos problemáticos na saúde mental, na produtividade, no sono, estando cada vez mais associados a distúrbios de atenção, ansiedade e stress.

Inclusive, esta dependência relaciona-se cada vez mais com o tédio, a solidão e a ansiedade, funcionando muitas vezes, como uma fuga emocional, tornando as pessoas incapazes de lidar com momentos de inatividade sem estímulos digitais. Para aumentar a dependência, existe ainda o medo de perder informações importantes, conhecido como FOMO (fear of missing out), fazendo com que haja a necessidade de estar constantemente conectados.

E nos períodos de pausas, escolas, trabalho, ao invés de interagir com colegas, relaxar, descansar, os olhos continuam fixos no ecrã. Conversas reais são substituídas por conversas nas redes sociais, emojis em vez de sorrisos. As experiências presenciais são esquecidas, substituídas, enfraquecendo laços interpessoais, diminuindo competências de socialização, comunicação e contribuindo para sentimentos de solidão, num progressivo isolamento social.

Outro impacto significativo é na hora de dormir, o uso prolongado dos telemóveis e outros ecrãs, especialmente antes de dormir, diminui a produção de melatonina, a principal substância responsável pelo sono, provocando noites de insónias, cansaço crônico e cansaço no dia seguinte.

Para combater estes problemas é urgente mudar de hábitos, é fundamental reduzir os momentos sem telemóvel, progressivamente. Criar momentos sem estar conectado, por exemplo, durante as refeições ou antes de adormecer, desativar notificações, criar momentos específicos para ver o telemóvel, fazer outras atividades, praticar desporto, meditar ou criar oportunidades para ter conversas cara a cara com familiares e amigos.

E depois de implementar algumas destas mudanças, chegar a casa em segurança, relaxar no sofá, conviver com a família, jantar tranquilamente e ir para a cama, sabendo que melhoramos a nossa qualidade de vida e promovemos um equilíbrio saudável entre o digital e o real.

Adormecer e enfim… Desligar!

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