Ucrânia: Putin ordena ao Exército recuperação total da região de Kursk

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou hoje ao Exército que recupere a totalidade da região fronteiriça russa de Kursk, onde as suas tropas reivindicaram ganhos rápidos contra as forças ucranianas nos últimos dias.

“Espero que todas as missões de combate que as nossas unidades enfrentam estejam concluídas incondicionalmente e que o território da região de Kursk seja em breve completamente libertado do inimigo”, declarou Putin ao comandante das Forças Armadas, Valery Gerasimov, durante uma visita ao posto de comando das tropas russas na região.

Gerasimov transmitiu ao Presidente russo que as suas forças capturaram 430 soldados ucranianos durante os recentes avanços na região de Kursk, que as tropas ucranianos invadiram em agosto passado.

“Os militares ucranianos, vendo que era inútil continuar a resistir, começaram a render-se e 430 combatentes foram feitos prisioneiros”, indicou o comandante das forças armadas russas, que alegam ter recuperado 86% do território ocupado na região.

Putin, por sua vez, sugeriu que estes prisioneiros fossem “tratados como terroristas”, segundo as declarações difundidas pela televisão russa e reproduzidas pela agência France Presse.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, observou que as tropas russas estavam “claramente a tentar colocar a máxima pressão” sobre o contingente ucraniano que invadiu a região de surpresa no verão de 2024.

“Na situação mais difícil, a minha prioridade foi e continua a ser salvar as vidas dos soldados ucranianos. Para este fim, as unidades das forças de defesa, se necessário, manobram para posições mais favoráveis”, comentou o comandante do Exército, Oleksandr Syrsky.

A aparição do líder do Kremlin vestido com um camuflado junto das suas tropas em Kursk surge um dia depois de os Estados Unidos e a Ucrânia terem chegado a um acordo para uma trégua de 30 dias no conflito que se prolonga há mais de três anos.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse hoje esperar que o homólogo russo aceite a trégua, mas manteve-se evasivo sobre a pressão que poderá exercer sobre Moscovo em caso de recusa.

O Kremlin ainda não divulgou a sua posição sobre o cessar-fogo proposto, afirmando que aguarda “informações completas” sobre o assunto por parte de Washington, que deverá enviar uma delegação à capital russa nos próximos dias.

A Ucrânia aceitou na terça-feira uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia, ao mesmo tempo que Washington levantou a suspensão da ajuda militar a Kiev, segundo uma declaração conjunta.

O texto refere que os Estados Unidos comunicarão às autoridades de Moscovo “que a reciprocidade russa é fundamental para alcançar a paz”.

O entendimento prevê igualmente o levantamento da suspensão da partilha de dados dos serviços de informação norte-americanos com as autoridades ucranianas.

A declaração conjunta destaca a importância de se tomar, durante o cessar-fogo proposto, medidas humanitárias como “a troca de prisioneiros de guerra, a libertação de civis detidos e o regresso de crianças ucranianas transferidas à força” para territórios sob controlo russo ou para a Federação Russa.

Ambas as delegações concordaram também em nomear as respetivas equipas de negociação para um processo de paz com a Rússia.

Após o diálogo das delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia, as partes também se comprometeram a chegar “o mais depressa possível” a um acordo sobre “exploração conjunta dos recursos minerais ucranianos”.

O documento assinala ainda que a Ucrânia pediu na reunião que a Europa seja incluída no processo de paz.

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