A violência no oeste e centro da Síria dos últimos dias causou a morte de pelo menos 1.383 civis, indica hoje um novo balanço provisório divulgado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
“O número de mortos ainda está a ser contabilizado”, disse o OSDH, uma organização com sede em Londres que possui uma vasta rede de informadores na Síria e que tem reportado a guerra civil no país.
As mortes ocorreram principalmente nos dias 07 e 08 de março, no reduto da minoria alauita, o ramo do Islão xiita a que pertence o clã do ex-presidente Bashar al-Assad, deposto em dezembro de 2024.
Os atos de violência opuseram as forças de segurança sírias a grupos fiéis a Assad e são os mais graves desde a chegada ao poder de uma coligação liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
Ameaçam a estabilidade de um país já devastado por 14 anos de guerra civil sob o regime de Assad.
As tensões começaram em 06 de março numa aldeia de maioria alauita da província de Latakia, na sequência da detenção de uma pessoa procurada pelas forças de segurança.
A situação degenerou rapidamente em confrontos quando homens armados da minoria muçulmana alauita, que as autoridades descreveram como leais a Assad, abriram fogo contra várias posições ocupadas pelas forças de segurança.
Os civis da comunidade alauita foram então alvo de represálias.
Segundo o OSDH, os civis, na grande maioria alauitas, foram mortos pelas “forças de segurança e grupos afiliados”, principalmente nas províncias de Latakia e Tartus.
Numa tentativa de acalmar a situação, a Presidência síria anunciou no domingo a formação de uma comissão de inquérito independente sobre “abusos contra civis”, com o objetivo de identificar os responsáveis e levá-los à justiça.
A comissão tem 30 dias para recolher provas, examiná-las e apresentar um relatório.
O OSDH também anunciou que um antigo diplomata sírio que desertou durante o governo de Assad foi morto a tiro juntamente com o irmão no sul do país.
Homens armados invadiram a casa de Noureddine al-Labbad, na cidade de Sanamayn, cerca de 50 quilómetros a sul de Damasco, na terça-feira à noite, e abriram fogo sobre o antigo diplomata e o irmão antes de fugirem.
O OSDH disse que Labbad serviu como diplomata no regime de Assad até 2013, altura em que desertou.
Labbad tinha regressado à Síria há duas semanas, vindo de França, onde representava o Conselho da Oposição Síria.
O ataque não foi reivindicado.