O antigo chefe do Estado-Maior da Armada Henrique Gouveia e Melo submeteu um pedido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial para registar como marca o “Movimento Gouveia e Melo Presidente”.
Este pedido consta do mais recente boletim da propriedade industrial, datado de 11 de março, no qual Henrique Eduardo Passaláqua Gouveia e Melo surge como requerente do registo da marca “Movimento Gouveia e Melo Presidente”.
A data do pedido é 27 de fevereiro e a lista de produtos ou serviços é longa, incluindo “serviços políticos”.
Contactado pela agência Lusa, o almirante confirmou que o pedido de registo partiu de “pessoas da sua confiança” e “é uma forma de evitar abuso ou apropriação futura da marca por outrem”.
Henrique Gouveia e Melo, cujo nome surge entre os potenciais candidatos às eleições presidenciais de janeiro de 2026, decidiu passar à reserva logo após o fim do seu mandato na chefia da Armada, argumentando que continuar no ativo retirava-lhe “alguma liberdade” nos seus “direitos cívicos”.
O almirante, que nunca confirmou nem afastou a possibilidade de entrar na corrida a Belém, afirmou que iria passar a uma “nova fase” da sua vida, mas sem especificar qual.
No passado dia 20 de fevereiro, num artigo publicado no semanário Expresso, intitulado “Honrar a Democracia”, Gouveia e Melo considerou que “a bem do sistema democrático”, o país deve ter um Presidente da República “isento e independente de lealdades partidárias”, rejeitando que o chefe de Estado seja um “apêndice de interesses partidários”.
Sem nunca declarar oficialmente uma candidatura a Belém, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada defendeu que “transformar a Presidência num apêndice dos interesses partidários é uma ameaça à capacidade da democracia liberal de manter um sistema equilibrado e funcional”.
“As pontes não se constroem sobre redes de influência, compadrios ou intrigas político-partidárias, mas sim sobre consensos assentes em valores humanitários, no desejo de liberdade, prosperidade e solidariedade efetiva, e, acima de tudo, na defesa intransigente da democracia liberal”, considerou, dias depois de Luís Marques Mendes, candidato presidencial, ter defendido que o próximo inquilino de Belém deve ter um papel de “construtor de pontes”.
O militar na reserva – que neste artigo se posicionou politicamente “entre o socialismo e a social-democracia, defendendo a democracia liberal como regime político” – sustentou a tese de que “nenhum Presidente pode ser verdadeiramente «de todos» se estiver claramente associado a uma fação política, pois não terá a independência necessária para representar o interesse coletivo”.
“O Presidente não está ao serviço dos partidos, está ao serviço dos portugueses e de Portugal. Garante a Constituição, a união e a integridade do país e é, por isso, um poder-contrapoder de um sistema democrático equilibrado ao serviço da liberdade, segurança, equidade e prosperidade dos portugueses e, consequentemente, de Portugal”, considerou.
Em 10 de janeiro, defendeu que o investimento em Defesa no país e na Europa deve ser um tema da campanha das eleições presidenciais de janeiro de 2026, mas continuou sem esclarecer se será ou não candidato.