Há muitos portugueses a quererem regressar de Moçambique

José Cesário terminou visita às principais comunidades portuguesas em África.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse hoje, em Luanda, que há muitos emigrantes a pensar regressar a Portugal por temerem instabilidade nos países africanos, sobretudo os que se encontram em Moçambique.

José Cesário, que falava aos jornalistas no final de uma visita em que se encontrou com núcleos das maiores comunidades portuguesas em países africanos, designadamente África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), Moçambique (Maputo) e Angola (Luanda), assinalou que esta é uma das principais preocupações dos que residem em Moçambique face aos conflitos pós-eleitorais.

“Há muita gente a regressar a Portugal. Isto é percetível, particularmente em Moçambique. Não é propriamente por situações de pobreza, é mais pela preocupação que têm”, vincou.

O secretário de Estado adiantou que o objetivo da sua visita era demonstrar, na prática, a proximidade entre Portugal e as comunidades e avaliar quais os ajustamentos necessários a nível dos serviços e da resposta a situações de pobreza e a casos mais graves, sobretudo em Moçambique, “em que houve problemas sérios de vítimas de situações de violência, de assaltos, etc.”

Neste caso, sublinhou, “há uma preocupação generalizada”, pois, apesar de gostarem de Moçambique, as pessoas que lá trabalham e residem manifestaram “receios”.

José Cesário, que se reuniu com portugueses que foram vítimas de assaltos durante as manifestações e que viram património destruído, reiterou que as situações “estão a ser acompanhadas de perto” pela embaixada, com procedimentos que vão ser definidos caso a caso.

“Agora, há, de facto, um sentimento generalizado de preocupação e pedem-nos muito para estarmos muito presentes, para que Portugal não deixe de estar presente ali, sob o ponto de vista da relação político-diplomática com o país”, disse.

Relativamente às questões de pobreza, elas são mais evidentes na África do Sul, adiantou, apontando também casos de solidão, em especial dos cidadãos mais idosos, estimando que, só em Joanesburgo, cerca de 200 pessoas, muitas das quais residiam anteriormente em bairros portugueses, estão em lares ou centros de dia.

Hoje em Luanda, José Cesário passou pela Escola Portuguesa de Luanda que tem sido agitada por conflitualidade laboral, admitindo que as soluções para resolver o problema dos professores que se queixam de desigualdade salarial pode ficar adiado, tendo em conta que o Governo vai entrar em fase de gestão, dada a perspetiva de o país ir para eleições legislativas antecipadas, após o chumbo da moção de confiança apresentada pelo executivo, terça-feira, no parlamento.

“Como é público, o Governo poderá, eventualmente, entrar em gestão a todo o momento. E, a partir desta altura, há medidas que já não poderão vir a ser adotadas ou tomadas”, afirmou.

O responsável das Comunidades visitou também o centro de vistos VFS, onde começou recentemente a ser implementado o reconhecimento facial para facilitar o agendamento de vistos.

“É um sistema que está em avaliação. Já foi testado na Guiné-Bissau, agora está em avaliação aqui. E se tiver resultados, penso que poderá aliviar muito alguns dos problemas que existem, nomeadamente a ação de açambarcamento de vagas, que é uma questão que é recorrente aqui, particularmente em Luanda, mas não só em Luanda”, assinalou.

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