O Judeu da política regional

Tanto, o Cristianismo como o Judaísmo acreditam num só Deus omnipotente, omnisciente, omnipresente, eterno e infinito.

O Cristianismo e o Judaísmo compartilham das Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento), isto é Palavra de Deus; no entanto o Cristianismo inclui o Novo Testamento na Bíblia, que constitui um retrato da vida de Jesus como o Messias prometido do Antigo Testamento, o Filho de Deus, salvador da humanidade.

O Judaísmo nega veementemente que Jesus era Deus, rejeitando a crença de que este é o Messias, mas reconhece Jesus como um bom mestre e talvez até um profeta de Deus.

Os Judeus acreditam que o messias ainda está por chegar, e quando chegar haverá paz no mundo, sem guerras e fome, e em geral, um alto padrão de vida.

Ambas as religiões creem na existência do céu, a eterna morada dos justos, e no inferno, a eterna morada dos ímpios (não crentes).

Ora, fazendo a devida analogia, com todo o respeito pela importância da religião e da política, vivendo eu a história política da Madeira há 44 anos, pelo menos, acredito que a era Messiânica ainda não chegou à política madeirense.

Desde 1976, que a Madeira é uma região autónoma da República Portuguesa, possuindo órgãos de governo como a Assembleia Legislativa da Madeira e o Governo Regional.

Jaime Ornelas Camacho, foi o primeiro Presidente do Governo Regional, de 1976 a 1978,

Já Alberto João jardim, a que muitos madeirenses reconheceram na política regional, um papel parecido ao que Jesus Cristo teve no Cristianismo, foi Presidente de 1978 a 2015. Ora nesta época dourada da política madeirense, a Madeira transformou-se numa sociedade elitista em que o sobrenome de família e a acumulação de riqueza definiam quem triunfava, mandava e desmandava na Ilha. Era um líder autoritário, com um estilo boémio e por vezes simpático, que vencia os adversários muitas vezes na base de argumentos sedimentados em ataques pessoais, que chegaram ao ponto de pôr em questão as suas características físicas.

É certo que a Madeira evoluiu, mas com a Madeira todo o Portugal, a Europa e o Mundo evoluíram, salva raras excepções, é este o caminho normal do desenvolvimento.

Para estudar no ensino superior, era necessário migrar para o Continente, o que não estava disponível ao bolso da maioria dos madeirenses, e revela que na realidade nunca houve necessidade de educar o madeirense, arranjando meios que possibilitassem a continuação dos estudos, uma vez que o estado de coisas estava bem assim, não havia interesse em qualquer mudança de status quo. A cultura continuou a ser folclórica e os arraiais e inaugurações de obras, muitas delas sem qualquer lógica ou sentido foram na realidade o método de fazer política. Um mais desfavorecido subir na vida era e continua a ser uma situação muito rara. Ainda, hoje em dia não é possível atribuir uma ideologia ao Jardinismo, uma vez que governava segundo o populismo, caciquismo, com base na obtenção do voto fácil, duma população refém dum regime. Na realidade Alberto João, deu ao madeirense um sentimento de ilhéu orgulhoso, um sentimento parecido ao nacionalista, exacerbado, em que o madeirense esquece-se de que é também Português e cidadão do mundo. Verdade seja dita, que apesar deste sentimento, nunca deixamos de ser um povo acolhedor, uma vez que somos reconhecidamente exímios nesta arte.

Atenção que até deixamos que alguns estrangeiros comprassem meia Madeira.

Depois veio Albuquerque, que não trouxe qualquer mudança de regime, a não ser um toque aristocrático, sendo a sua corte fiel cada vez menor, representando em grande parte um grupo de tachista que o apoiaram no apunhalamento a Alberto João. Manteve os tachos de sempre e não há uma política verdadeiramente marcante que se lhe veja, a não ser noticias do famoso milagre económico que os seus fiéis teimam em propagar. Não soube sair por cima e está agarrado ao poder sem nenhuma explicação lógica ou psicológica admissível, levando o PSD à catástrofe de poder perder as eleições depois destes anos todos, o ego e medo de se desprender dum homem, abalam todo um sistema que levou décadas a criar.

Os social-democratas, estão assustados, com medo que o reino dos justos e impios da sociedade madeirense abastada ameace cair.

Uma coisa têm todos os heróis transactos, são acérrimos militantes do PSD, o único partido a quem foi concedido unhas para Governar a Região.

Quanto a Cafofo, para mim, esse que era uma espécie de lufada de ar fresco, rebentou com o PS devido à sua sede de poder e carreirismo, crucificando e eliminando todos os que o fizessem frente, oferecendo tachos à maneira do PSD a quem contribuísse para que o manter no poder, o outrora líder incontestado do PS, não é mais que uma sombria imagem de si mesmo amparada por tudo o que é tachista dentro e fora do PS.

Quanto ao Senhor Arqueólogo Élvio do JPP, o mesmo que criou um movimento desdenhando os partidos, estou esperançado que se chegar ao Governo, possa redescobrir o túmulo de Tutankamon, desta vez na Madeira e recupere o Principado da Pontinha.

Posto isto, devo dizer que não acredito em nenhum dos putativos vencedores das eleições vindouras.

De forma que sou o Judeu da política regional.

Post Scriptum

Deixo aqui um trecho da letra do Canto de Ossanha de Vinícius de Moraes

“O homem que diz “dou” não dá, porque quem dá mesmo não diz

O homem que diz “vou” não vai, porque quando foi já não quis

O homem que diz “sou” não é, porque quem é mesmo é “não sou”

O homem que diz “tô” não tá, porque ninguém tá quando quer

Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor

Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor

Amigo sinhô, saravá, Xangô me mandou lhe dizer

Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender

Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer

Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer”

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