Vivemos tempos complexos.
Por esse mundo fora, as políticas internacionais estão ao rubro, com os EUA a mostrar uma posição de força, humilhando tudo e todos, inclusive os seus parceiros de longa data. Um olhar apenas economicista tolda toda a lógica da política e da diplomacia internacional. A incerteza sobre o futuro, é a única certeza que temos neste momento. A Europa finalmente despertou e as parcerias internacionais que se perspetivam, poderão ser uma verdadeira surpresa.
No âmbito nacional, o Primeiro Ministro mostrou-se estar muito mais preocupado com a sua vida pessoal e familiar, do que com as verdadeiras necessidades do país. Prefere lançar o país para eleições ao invés de explicar-nos o que se passa dentro da sua casa e que afeta a governação, levantando assim suspeitas sobre a sua conduta enquanto governante. Caminhamos para eleições antecipadas com resultados também incertos.
Por cá, muito já foi dito e escrito, pelo que não irei entrar nos detalhes dos motivos que nos trouxeram até ao momento atual, mas devemos refletir sobre o que cada um de nós pode fazer para transformar esta instabilidade em estabilidade.
Perante o historial da nossa região, com um eleitorado tradicionalmente de direita, mas apreensivo perante os acontecimentos recentes, estaremos também num momento de incertezas. Poderá ficar tudo na mesma, com o PSD a governar com as suas muletas disponíveis, ou poderá a população, pela primeira vez, dar um voto de confiança a um governo alternativo.
Estes dois caminhos distintos marcarão os próximos tempos na região. Manter ou mudar? Eu respondo com toda a certeza das minhas convicções, precisamos de mudar! Precisamos de acreditar que é possível seguir outros rumos, com políticas centradas nas pessoas, que acabe de uma vez por todas com as desigualdades, precisamos de uma sociedade mais justa, onde todas e todos tenham os mesmos direitos, os mesmos acessos às oportunidades que vão surgindo. Não podemos mais ter um governo preocupado com meia dúzia de privilegiados, em detrimento de uma grande maioria.
É certo que hoje vivemos melhor do que em 1976, quando o PSD começou a governar a região, tal como se vive muito melhor em qualquer outra parte do território português. Os tempos são outros, ganhámos a nossa autonomia e muitos milhares de milhões de euros chegaram à região seja pela UE, como através da república devido às políticas de coesão. Os sucessivos governos do PSD apenas cumpriram com os mínimos de modernização de uma região que era das mais atrasadas do país, mas não foram capazes de criar uma sociedade equilibrada, mais resiliente e acima de tudo, menos dependente. Teria sido fundamental que muito mais tivesse sido feito, e sim, muito mais poderia ter sido feito. A população tem de perceber que pode ter melhores condições de vida, que podem ambicionar ir mais além, não só ao nível pessoal, como também para as gerações seguintes, para os seus filhos.
Precisamos de fazer as escolhas acertadas e precisamos de olhar em volta e ver quem está mais capacitado para fazer a mudança necessária. Quem tem os melhores quadros, quem já provou que sabe governar focado nas pessoas. Precisamos de concentrar, não podemos nos dispersar, pois dividindo, os mesmos continuarão a fazer o que sempre fizeram.
Precisamos de confiar no PS, nos seus quadros, na sua capacidade de atrair a sociedade para efetivamente mudar a Madeira e o Porto Santo. Precisamos de transformar a instabilidade em estabilidade.
Precisamos de gente que faz.
Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.