No Dia Internacional da Mulher, celebramos conquistas históricas e reconhecemos a luta contínua pela igualdade de direitos e oportunidades. Esta data, que nasceu de reivindicações laborais e sociais, simboliza a força e a coragem das mulheres ao longo das gerações. Porém, mais do que uma comemoração, este dia é um apelo à reflexão e à ação. Afinal, vivemos num mundo onde, apesar dos progressos, as desigualdades de género continuam a ser uma realidade inaceitável.
O feminismo, tantas vezes mal interpretado, é um movimento essencial para eliminar essas desigualdades. Não se trata de tornar as mulheres superiores aos homens, nem de apagar as diferenças naturais entre os géneros, mas sim de expor e corrigir as injustiças que limitam as mulheres, que não garantem os seus direitos e que dificultam a que estas estejam em pé de igualdade face aos homens. Desigualdades e discriminações derivadas de séculos de conservadorismo, patriarcado e misoginia. A sua luta beneficia toda a sociedade, construindo um futuro mais equitativo, digno e respeitoso.
Entre as múltiplas formas de discriminação enfrentadas pelas mulheres, destaca-se a violência obstétrica, uma prática ainda negligenciada, mas que pode ser profundamente traumática. Mulheres em momentos de extrema vulnerabilidade, como o parto, são sujeitas muitas vezes a intervenções desnecessárias, comentários desrespeitosos e tratamentos que desconsideram o seu consentimento. Este tipo de violência reflete a persistência de uma visão paternalista que precisa ser urgentemente denunciada e transformada.
Outro tipo de violência grave, é o abuso sexual, uma ferida aberta na nossa sociedade. Este crime não só viola os direitos básicos das mulheres, como também perpetua uma cultura de medo e silêncio. O combate a esta violência exige uma abordagem integrada: educação, empoderamento das mulheres, políticas públicas eficazes e mudanças profundas nas estruturas de poder. Precisamos criar ambientes onde as mulheres se sintam seguras para denunciar e onde os agressores sejam responsabilizados.
Além disso, é essencial abordar a negligência histórica de doenças que afetam predominantemente as mulheres, como a endometriose e a adenomiose. Estas condições, que causam dor debilitante, infertilidade e impacto profundo na qualidade de vida, refletem um desequilíbrio na pesquisa médica, tradicionalmente orientada para os corpos masculinos. O diagnóstico tardio e a falta de opções eficazes de tratamento são realidades que precisam ser enfrentadas com urgência.
O Dia Internacional da Mulher é, portanto, mais do que um dia de celebração. É uma oportunidade para renovar o nosso compromisso com a luta por uma sociedade onde mulheres e homens tenham direitos iguais, sem preconceitos de género ou limitações impostas pela sociedade. E essa luta não é apenas das mulheres: é uma causa de todos e todas, independentemente do género, que acreditam num futuro mais justo.
No PAN, princípios como a não violência e a garantia de direitos para todas as pessoas fazem parte do nosso compromisso diário. Acreditamos que a mudança começa com cada pessoa, e exige sensibilização e ação na construção de um mundo melhor, em que não podemos perder a esperança.
Que este dia sirva para semear inspiração e iniciativa na luta feminista. Que a força e a resiliência das mulheres ao longo da história nos lembrem de que “podemos não estar a criar um mundo melhor para as nossas raparigas, mas estamos a criar raparigas melhores para o mundo”.