O Presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu ‘vice’, JD Vance, acusaram hoje o líder ucraniano de ser “desrespeitoso” numa reunião no Salão Oval, enquanto Volodymyr Zelensky pedia compromissos de segurança de Washington.
Após 30 minutos de declarações à imprensa no Salão Oval da Casa Branca, a conversa ficou extremamente tensa quando o Presidente norte-americano disse que Zelensky não estava em posição de ditar condições relacionadas à guerra.
Com o tom da voz mais elevado, conforme relataram os jornalistas no local, Trump que disse que seria “muito difícil” negociar com Zelensky, afirmou que o líder ucraniano deveria ser “grato” após ter-se colocado “numa posição muito má” e assegurou que não tinha “as cartas na mão”.
“Você está a apostar com as vidas de milhões de pessoas”, acusou Trump.
“Você está a apostar com a Terceira Guerra Mundial e o que você está a fazer é muito desrespeitoso com o país, com este país que o apoiou muito mais do que muitas pessoas dizem que deveria ter sido feito”, acrescentou o chefe de Estado norte-americano.
O vice-presidente JD Vance, também presente no Salão Oval, acusou igualmente Zelensky de “desrespeitar” os norte-americanos.
Donald Trump alertou o seu homólogo ucraniano que ele teria que fazer “compromissos”, enquanto Zelensky rejeitou fazê-lo com “o assassino” Vladimir Putin.
Trump deixou então um ultimato a Zelensky: “Faça um acordo [com a Rússia] ou nós vamos deixá-lopara trás”, citado pela agência France-Press (AFP).
“Não há acordo sem compromisso. Então, definitivamente haverá alguns compromissos, mas espero que não sejam tão grandes quanto algumas pessoas pensam”, disse ainda Trump.
O Presidente ucraniano garantiu que a Ucrânia “não faria concessões a um assassino”, referindo-se ao Presidente russo.
“Acho que o Presidente Trump está do nosso lado”, havia dito Zelensky, ainda antes do encontro começar a ficar mais tenso.
A visita já começara de forma desconfortável, com Trump a fazer observações sobre a roupa usada por Zelensky para o encontro – o habitual traje de estilo militar -, em vez de um fato e gravata: “Ele estava muito elegante hoje”, disse Trump.
Não ficou claro se seria uma piada ou uma crítica velada.
Espera-se que os dois líderes assinem hoje um acordo sobre a exploração de minerais estratégicos da Ucrânia e discutam possíveis garantias de segurança para a Ucrânia quando a guerra com a Rússia terminar.
“Espero que este documento, este primeiro documento, seja o primeiro passo em direção a garantias reais de segurança para a Ucrânia. E, claro, pedimos que os Estados Unidos continuem a fornecer apoio. É realmente muito importante para nós”, disse Zelensky ao seu homólogo norte-americano, no início da reunião entre ambos no Salão Oval.
Zelensky já visitou a Casa Branca em setembro de 2021, dezembro de 2022 e em setembro e dezembro de 2023, sob a Presidência do democrata Joe Biden (2021-2025), sendo que esta é a primeira vez que Trump regressou ao poder, em 20 de janeiro.
A Ucrânia e os seus aliados europeus exigem garantias de segurança de Washington, mas os Estados Unidos querem que a Europa as forneça. O projeto de pacto económico a ser assinado não inclui essas garantias de segurança.
Zelensky não especificou que tipo de garantias de segurança considera apropriadas para o seu país e, embora continue a defender a adesão da Ucrânia à NATO – algo que Trump recusa firmemente -, também levantou a possibilidade de aceitar um acordo de segurança alternativo.
A União Europeia, por sua vez, tem falado de “salvaguardas” para se referir a possíveis garantias de segurança que os norte-americanos poderiam fornecer a um contingente militar europeu que ficaria com bases na Ucrânia após a assinatura de um acordo de paz.