O comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Syrsky, garantiu hoje que as tropas do país apoiam o Presidente Volodymyr Zelensky, após a altercação na Casa Branca com o chefe de Estado norte-americano Donald Trump.
“As forças armadas estão com a Ucrânia, com o povo, com o Comandante Supremo em Chefe [Zelensky]. A nossa força está na unidade”, destacou Syrsky, numa mensagem através nas redes sociais.
“Continuamos a destruir o ocupante e aproximamo-nos da vitória”, acrescentou, numa curta declaração.
Zelensky deixou hoje prematuramente a Casa Branca, após um confronto verbal sem precedentes com Donald Trump na Sala Oval, em que o Presidente norte-americano, erguendo a voz, ameaçou o seu convidado de “abandonar” a Ucrânia se este não fizer concessões à Rússia.
“Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz”, disse Donald Trump numa mensagem na sua rede social, Truth Social.
Também presente na Sala Oval e na discussão, o vice-presidente norte-americano JD Vance acusou Zelensky de estar a levar os ucranianos “numa digressão de propaganda”.
“Nega que tem um problema em mobilizar pessoas para as suas forças armadas? E acha que é desrespeitoso entrar na Sala Oval dos Estados Unidos e atacar o governo que está a tentar impedir a destruição do seu país?”, apontou JD Vance ao governante ucraniano.
Zelensky começou a responder às perguntas do vice-presidente norte-americano, mas acabou interrompido por Trump.
A assinatura de um acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, para a qual o chefe de Estado da Ucrânia se tinha deslocado a Washington, não se realizou, nem a conferência de imprensa conjunta que estava prevista no final do encontro.
Trump acusou também o homólogo ucraniano, que também ali estava em busca do apoio de Washington, após três anos de guerra com a Rússia, de ter “faltado ao respeito aos Estados Unidos” na Sala Oval, sublinhando que os Estados Unidos deram à Ucrânia muito dinheiro e que ele “devia estar mais grato”.
Numa cena de tensão sem precedentes, que se prolongou por vários minutos e que envolveu também o vice-presidente norte-americano, JD Vance, os três dirigentes levantaram a voz e falaram uns por cima dos outros várias vezes.
Trump criticou em especial Zelensky por “se ter colocado numa posição muito má” em relação à Rússia e disse-lhe que ele “não tinha as cartas na mão”, quanto ao desenlace da guerra.
Ameaçou-o, dizendo-lhe “faça um acordo [com a Rússia] ou deixamo-lo ficar mal”, e acrescentando que será “muito difícil” negociar com o líder ucraniano.
“Você está a brincar com a vida de milhões de pessoas. Está a brincar com a terceira guerra mundial (…)”, disse-lhe ainda Trump, furioso.