Alemanha/Eleições: Conservador Merz volta a rejeitar qualquer cooperação com AfD

O líder dos conservadores alemães da CDU, Friedrich Merz, vencedor das eleições de hoje, reiterou a sua rejeição categórica a qualquer cooperação com o partido de extrema-direita AfD, que pouco antes se oferecera para integrar um futuro governo.

“Temos opiniões diferentes sobre a política externa, a política de segurança e a NATO. Podem estender-nos a mão o quanto quiserem, mas não vamos cair numa política errada, querem o posto do que nós”, disse o futuro chanceler alemão, num curto debate televisivo com os candidatos dos outros partidos, reforçando que não vai “pôr em causa o legado de 75 anos da União Democrata-Cristã (CDU) só por causa de uma autointitulada Alternativa para a Alemanha”.

Entre as matérias que opõem CDU e AfD conta-se a questão da segurança e defesa, tendo Friedrich Merz afirmado que, face à pressão da Rússia, mas também da nova administração norte-americana liderada por Donald Trump, que “é largamente indiferente ao destino da Europa”, a grande prioridade deve ser “tornar a Europa progressivamente independente relativamente aos Estados Unidos”.

Em resposta, a candidata a chanceler da Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, que repetira a sua disponibilidade para formar uma coligação governamental, atacou Merz por pretender coligar-se antes com os socialistas do SPD, do chanceler cessante Olaf Scholz – e eventualmente com os Verdes, se for necessária uma terceira força, em vez de se aliar ao seu partido, defendendo que “as pessoas querem uma mudança de política”.

“A CDU tem de explicar aos seus eleitores como tenciona cumprir as suas promessas se formar um governo com a esquerda”, afirmou, sublinhando que, por outro lado, os conservadores não teriam de fazer praticamente nenhuma concessão em caso de uma coligação com a AfD, já que, argumentou, o programa dos conservadores “é copiado” do seu.

“Vou formar um governo que represente toda a população e vou esforçar-me por formar um governo que resolva os problemas deste país. Como é que esse governo pode ser formado, não sabemos. Não é segredo que gostaríamos de ter um parceiro e não dois, mas o povo decidiu e temos de o aceitar”, respondeu Friedrich Merz.

O líder da CDU admitiu que as negociações para a formação de uma coligação – que já disse esperar que sejam rápidas – “não serão fáceis”, mas disse que já tinha noção disso antes das eleições.

De acordo com as mais recentes projeções das eleições legislativas antecipadas de hoje, a CDU obterá 28,4 a 28,6 % dos votos, enquanto a extrema-direita da AfD deverá superar os 20%, quedando-se os socialistas do SPD de Scholz pelos 16,3 a 16,4 %.

Se estes resultados se confirmarem, CDU e SPD ficariam aquém dos 316 lugares necessários para uma maioria no Bundestag (câmara baixa do parlamento) e o futuro Governo alemão voltaria a ter de ser integrado por uma terceira força política.

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