Na apresentação da Moção de Estratégia Global, sob o lema “Estabilidade e Compromisso”, Paulo Cafôfo disse que esse será o guião de atuação do partido, se for eleito governo.
“Estamos a cerca de um mês das eleições regionais e sabemos que estas não serão mais umas eleições. Será o momento de decidir entre continuar no mesmo caminho, ou abrir as portas à mudança e à esperança. Eu acredito na mudança. E acredito porque ouço as pessoas. E não as ouço só quando há eleições. Ouço, onde quer que vá, as preocupações de quem sente a sua terra. E é por essas pessoas, por cada madeirense e por cada porto-santense, que estou aqui. Que estamos aqui. Porque a política só faz sentido se for para cuidar das pessoas”, afirmou, entre aplausos dos militantes.
Nas críticas à atual governação, Paulo Cafôfo disse que “governar não pode ser distribuir favores, usar o governo como bolsa de negócios pessoais, facilitar só para os amigos ou comprar votos usando a fragilidade de quem pouco ou nada tem. Governar é servir. Governar é empoderar e capacitar pessoas. É tratar todos por igual. É resolver. É ter a coragem de dizer não. Não aos que tentam corromper. Não aos que não foram eleitos e querem mandar. Não aos que pensam que o povo é para ser usado e abusado”, sublinhou, enfatizando: “Não! Não! Não!”
Paulo Cafôfo comentou que “o que faz falta é muito mais do que animar a malta com festas: Todos gostamos dessa alegria que parece liberdade. Mas, como canta o Sérgio Godinho, “Só há liberdade a sério quando houver A paz, o pão, habitação, saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver Liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir, ouvia-se ao som dos aplausos.
No seu discurso, o presidente do PS realçou que “a política precisa de verdade, as pessoas merecem a verdade, a ética e a transparência. Mas sabemos que só a boa política não basta. As pessoas precisam de comer. Tenho uma noção muito prática da política. Não basta fazer manchetes nos jornais com recordes do PIB, crescimento económico em meses contínuos, números de turistas para encher tabelas de Excel, quando continuamos como uma das regiões mais pobres do país, com menor poder de compra, salários mais baixos, e com um presidente que se “engana” por excesso no ganho real do salário mensal bruto na Madeira”.
O socialista vincou que “a Região precisa de crescimento que chegue a todos e não só a alguns, uma economia que cresce e cujos salários acompanham. “A boa economia é aquela que melhora a vida da grande generalidade das pessoas. E há tanta gente que faz pela Madeira que não usufrui dessa economia. O progresso não é só PIB ou investimentos em imobiliário. Progresso é bem-estar. É ter um salário digno, é conseguir comprar ou arrendar uma casa, é conseguir não estar anos para ser operado no hospital, é acabar os estudos e ter oportunidade de ficar a construir uma vida na sua terra e não ter de emigrar. É sentir que vivemos numa terra que tem um governo que cuida de nós”.
Cafôfo apontou ainda os problemas na saúde, classificando de “incapacidade” a palavra que melhor caracteriza o sistema de saúde, com “caos nas urgências, com pessoas durante dias nas macas e nos corredores, anos de desespero em listas de espera, falta de medicamentos por falta de pagamentos, calotes às casas de saúde pelo internamento de doentes, taxistas a queimar combustível sem nada receber pelo transporte de doentes, falta de médicos e de enfermeiros. Mas há mais. Mais de 200 pessoas internadas apesar de terem alta, as chamadas altas problemáticas, porque as famílias não têm condições de as ter em casa e o governo não acha soluções”.
“Há uma ineficiência na saúde que nos indigna, que nos envergonha, que não nos pode calar e tem de nos levar a agir. Em nome dos nossos pais, dos nossos filhos, de quem sofre com a doença e merece mais do que alheamento. E não há outro tratamento, que não um governo com outro comprometimento”, criticou ainda, sustentando que é preciso garantir “o acesso à saúde para todos e tornar eficiente o sistema, reestruturando-o, estabelecendo metas, valorizando os profissionais, garantindo que ninguém esperará mais do que o necessário por uma cirurgia, uma consulta ou um exame”. A saúde, disse, é “o nosso bem mais precioso. E quem governa tem a obrigação de proteger esse direito. A saúde tem de voltar a ser um direito de todos e não um privilégio de alguns. É o nosso compromisso”.
A habitação é outro dos direitos da população, “é um dos primordiais”, não é um luxo. “O PS-Madeira colocará a habitação no centro da sua governação: construiremos mais habitação pública e a preços acessíveis. Apoiaremos os jovens e a classe média para que possam comprar a sua primeira casa. Porque temos a convicção que as pessoas só podem construir vidas estáveis se tiverem um lar seguro”.
Na Educação, Paulo Cafôfo, professor de formação, garante que “com um governo do PS assumiremos a democratização da educação e o sucesso da educação, garantindo que todos tenham uma educação sem barreiras. Seja com as creches gratuitas ou garantindo o fim das propinas para os estudantes madeirenses no ensino superior. Para nós, a educação não é vista apenas como uma responsabilidade individual, mas como um bem coletivo, com benefícios para toda a sociedade. Investir na educação é o investimento mais importante que podemos fazer. “
Prometeu apoiar os idosos, os jovens e famílias, reconhecendo os salários baixos na Região, comparando com Portugal continental e Açores. “Um trabalhador na Madeira recebe menos 59 euros por mês do que um trabalhador no arquipélago vizinho. Queremos continuar assim?”
Paulo Cafôfo falou ainda nos impostos, que devem baixar, “porque é justo e necessário”, prometeu aumentar o complemento regional para idosos em 1800 euros/ano, “que não é favor nenhum, é retribuir para com aqueles que trabalharam uma vida inteira e tanto contribuíram para a nossa sociedade, tanto contribuíram para estarmos aqui e sermos o que somos”. Apoiar os agricultores e os pescadores foi outra promessa, “porque a Madeira não pode esquecer aqueles que a alimentam”.
Na administração pública, Paulo Cafôfo falou na importância de valorizar as carreiras e a progressão dos funcionários públicos, “e fazer com que esta administração não seja obrigada a estar ao serviço do partido que governa, mas ao serviço de todos os cidadãos”. Garantiu que os funcionários públicos podem contar com o PS, para criar “um ambiente que os liberte da pressão partidária de quem governa. Com o PS no governo vão acabar os saneamentos, as represálias, as vinganças, gente nas prateleiras, ou substituições intempestivas e injustificadas de funcionários e dirigentes. Connosco, não!”