Ucrânia: Rússia e Bielorrússia vão realizar exercício militar conjunto em setembro

FOTO EPA

A Rússia e a Bielorrússia realizarão um exercício militar conjunto em setembro para reforçar os laços militares entre os dois países, na sequência da guerra na Ucrânia, de acordo com um oficial bielorrusso.

O exercício intitulado ‘Zapad’ (‘Oeste’) 2025 envolverá mais de 13.000 soldados, afirmou o coronel bielorrusso, Valery Revenko.

Revenko adiantou que observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), um dos principais grupos transatlânticos para a segurança, serão convidados para acompanhar os exercícios.

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, no poder há mais de 30 anos e aliado do Kremlin (presidência russa), autorizou a Rússia a utilizar o território do seu país para destacar tropas para a invasão da Ucrânia em 2022 e a alojar armas nucleares táticas.

No dia 24 de fevereiro de 2022, as tropas russas invadiram a Ucrânia a partir da Bielorrússia, no seguimento de um exercício conjunto com o exército bielorrusso.

A Ucrânia e a Bielorrússia partilham uma fronteira com 1.084 quilómetros.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu no início do mês que a expansão militar russa na Bielorrússia, um país que também faz fronteira com a Letónia, a Lituânia e a Polónia, países que são membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, bloco de defesa ocidental), poderia preparar o terreno para um potencial ataque, uma alegação repetidamente negada por Moscovo.

Valery Revenko sublinhou que a Bielorrússia está disposta a realizar inspeções militares mútuas com a Polónia, até 80 quilómetros dentro dos respetivos territórios, o que, segundo Revenko, constituiria um sinal de que a Polónia tenciona manter “laços de bons vizinhos”.

“Se a Polónia rejeitar ou ignorar tal ação, teremos uma opinião diferente”, disse Revenko.

Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) instituíram sanções contra a Bielorrússia devido à repressão dos protestos que se seguiram às eleições presidenciais de 2020 e à decisão de Lukashenko de autorizar a Rússia a utilizar o território do seu país para destacar tropas para a Ucrânia.

Lukashenko e o Presidente russo, Vladimir Putin, assinaram um tratado em dezembro de 2024 que garante a segurança da Bielorrússia, o aliado mais próximo de Moscovo, e a possibilidade da utilização de armas nucleares russas em caso de agressão.

Lukashenko apelou a Putin na altura para que instalasse armas mais desenvolvidas na Bielorrússia, incluindo os mísseis balísticos hipersónicos ‘Oreshnik’, com capacidades nucleares, utilizados pela primeira vez pela Rússia em novembro de 2024 contra a Ucrânia.

Putin afirmou que os mísseis ‘Oreshnik’ poderão vir a ser instalados na Bielorrússia no segundo semestre de 2025, mas disse que estes permanecerão sob controlo russo, sendo que Moscovo permitirá que Minsk selecione os alvos.

O tratado assinado em dezembro surgiu na sequência da revisão por Moscovo da sua doutrina nuclear, que pela primeira vez colocou a Bielorrússia sob a proteção nuclear russa, num contexto marcado pelas tensões com o Ocidente devido ao conflito na Ucrânia.

A Rússia não indicou o total de armas nucleares táticas que forneceu à Bielorrússia, mas Lukashenko referiu em dezembro que o seu país dispõe de várias dezenas dessas armas.

O envio dos mísseis alarga a capacidade da Rússia de atacar vários aliados da NATO na Europa Central e Oriental.

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