20 de Fevereiro: Presidente da ALRAM diz que é preciso aprender com os erros do passado

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira disse, hoje, não saber se a Região tem sabido aprender com “os erros do passado”. As afirmações foram proferidas na conferência, com exposição, ‘A água flui, as pedras levam…’, que serviu para assinalar os 15 anos da aluvião, que em 2010 fez 47 mortos, mais de 600 desalojados, 250 feridos e mais de mil milhões de euros em prejuízos.

Nesta reflexão o investigador João Baptista alertou para as fragilidades que persistem, nomeadamente para a construção em zonas de risco, defendendo “intervenções urgentes” de modo a minimizar os riscos. Entre os pontos positivos, o professor universitário destacou as “estruturas de retenção da carga sólida construídas nas ribeiras”.

José Manuel Rodrigues tem registado os alertas deste engenheiro-geólogo, mesmo antes de 2010, e vincou que mais uma vez “ficou demonstrado que não estamos mais seguros do que estávamos antes de 2010. É evidente que muito dinheiro foi investido, mas muitas vezes o dinheiro investido foi para repor erros cometidos em vez de ter sido para corrigir os erros que nós tínhamos cometido durante décadas. A propósito do que João Baptista disse, que é preciso aprender com os erros do passado, eu não sei se nós temos aprendido”, desabafou.

José Manuel Rodrigues defendeu, por isso, uma participação mais ativa dos decisores políticos, dos decisores económicos e dos cidadãos, ao longo de todo o ano, e não apenas no dia em que se assinala a tragédia, mostrando-se preocupado com o facto de “haver infraestruturas de proteção civil sediadas junto a leitos de ribeiras” e de se continuar a contruir “infraestruturas vitais para a cidade do Funchal junto a leitos de ribeiras”, dando como exemplo “a ETAR do Lazareto que está num vale de uma ribeira”.

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira apontou como urgência a implementação de um “plano de restauro da floresta”, recordando que existem fundos comunitários para acudir a estas causas ambientais.

José Manuel Rodrigues enalteceu e louvou o trabalho e o empenho de todos os profissionais de proteção civil, de saúde, das forças de segurança e dos voluntários que no dia 20 de fevereiro de 2010 e nas semanas seguintes se “transformaram numa corrente de solidariedade que conseguiu travar a corrente de lama e reconstruir as nossas vidas”.

O Presidente do Parlamento madeirense elogiou a iniciativa de Filipe Afonso, mentor da exposição coletiva intitulada “A água flui, as pedras levam…” que resulta do projeto centrado na aluvião de 2010, no âmbito do programa de mestrado em design da imagem na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. “É um ato de coragem de quem perdeu a mãe numa tragédia e depois faz a sua catarse e estuda os impactos da tragédia”, que há 15 anos devastou a Madeira, com “traumas e sofrimentos profundos” em muita da sua população.

A exposição, que pode ser vista no Museu de Eletricidade Casa da Luz, é composta por fotografias de oito fotógrafos madeirenses: Duarte Gomes, Gregório Cunha, Hélder Santos, Joana Sousa, João Homem de Gouveia, Mário Pereira, Octávio Passos e Rui silva. Inclui, também, imagens fornecidas pelo Regimento de Guarnição N.º 3 (RG3) e do próprio Filipe Afonso.

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