Há cerca de duas semanas ficámos sem um objeto. Procurámos e não o encontrávamos. Depois lembrámo-nos que ele tinha um localizador e para além de ser localizável, também fazia barulho quando estávamos próximo. Partimos à aventura.
No local onde era provável ele estar, não estava. Alguém se tinha apropriado de forma ilegítima. Falámos com as autoridades desse local, que rapidamente se mostraram indisponíveis para colaborar. Pensámos em desistir. Mas como sabíamos onde ele estava, recebíamos notificações regulares, decidimos ir à procura. Com a esperança de alguém que nos pudesse devolver o objeto “perdido”.
Fomos de dia e ele tocava. Fomos de noite e tocava mais alto. Chamámos na rua. Quem nos ajudou foi um casal turista que nos deixou entrar no prédio para procurar melhor. De resto, ninguém aparecia ou nos perguntava o que estávamos a fazer de telemóvel ao alto e sempre a rodar o mesmo local…
Perto de desistirmos, fomos até à PSP da Ribeira Brava. Pensámos que na pior das hipóteses faríamos queixa do sucedido. Mas o que encontrámos foi compreensão e ajuda. Rapidamente os agentes se voluntariaram para nos ajudar e fomos bater de porta em porta. Houve quem nos abriu a porta desconfiados, outros acabaram por ajudar. E graças à boa vontade das pessoas com os agentes, conseguimos localizar o objeto e regressámos com ele. Isto não teria sido possível sem a colaboração dos agentes que estamos profundamente agradecidos. Sabemos que só foi possível por não estar a acontecer nada prioritário, mas foram agentes que preferiram fazer o correto a preencher burocracia e mandar-nos embora.
Fazer o correto é uma arte que parece em vias de extinção nos tempos modernos. Talvez não esteja em extinção, talvez nunca tenha sido amplamente praticada. Neste momento está a passar uma nova crise. Sobretudo, na minha opinião, devido às redes sociais de bolso. Recentemente saiu um estudo a dizer que não fez grande diferença a proibição da utilização de telemóveis nas escolas. Podemos tirar duas conclusões. A mais errada que é que os telemóveis não são um problema. Ou a mais correta, que os alunos utilizam tanto os telemóveis fora da escola que as poucas horas de escola não são suficientes para reverter o problema.
Este problema preocupa-me porque algumas pessoas informadas e estudiosas defendem que deve ser um treino da criança/jovem aprender a limitar-se. Mas se algo é desenhado para ser aditivo, como podemos permitir que cérebros em desenvolvimento, frágeis ao meio ambiente possam ser expostos a tamanha adição? Nesse sentido é melhor o álcool e todas as drogas estarem disponíveis no bar da escola e dizer que eles devem ser mais fortes e dizer não. Se nem os adultos conseguem dizer não, quanto mais crianças e adolescentes. Neste tema sou fã da decisão da Austrália de banir redes sociais a menores de 16 anos. Também proibiram a compra de imóveis por estrangeiros durante 2 anos para avaliar e tentar limitar a crise na habitação.
Não estará na altura de fazermos o que está certo em vez do que é confortável ou melhor para cada um de nós? A reversão das políticas da habitação em que dificultavam o alojamento local continuam a dificultar a habitação. A compra por estrangeiros continua a inflacionar e diminuir o mercado disponível. Quando é que vamos aceitar que é necessário alguns ganharem menos, para todos ganharmos enquanto sociedade? Quando é que vamos responsabilizar quem opta por aumentar a fortuna de alguns há custa de todos?