As eleições regionais aproximam-se rapidamente e, apesar de faltar pouco mais de um mês para o dia decisivo, a verdade é que, não fossem os cartazes nas ruas e as ações promovidas pelas candidaturas, dificilmente se sentiria um verdadeiro interesse da população pelo ato eleitoral. Este cenário levanta preocupantes indícios de uma elevada abstenção.
A esta situação junta-se o lapso do Primeiro-Ministro e do Presidente da República, que impediu a entrada em vigor da nova lei eleitoral, excluindo da votação milhares de madeirenses e porto-santenses deslocados, que, por essa razão, não poderão exercer o seu direito de voto.
Estas eleições ocorrem num contexto político particularmente complexo, com uma séria possibilidade de mudança no equilíbrio de poder. Ao analisar os atos eleitorais em que Miguel Albuquerque liderou a candidatura do PSD, verifica-se uma tendência consistente: a perda progressiva de deputados. Em 2015, alcançou uma maioria absoluta com 24 eleitos; em 2019, o PSD perdeu essa maioria, elegendo apenas 21 deputados; em 2023, caiu para 20; e, em 2024, ficou-se pelos 19.
Se esta tendência de desgaste se mantiver, é expectável que o PSD sofra uma nova redução no número de eleitos. Atendendo às declarações já proferidas pelo CDS e pela IL, a viabilização de um governo à esquerda é uma possibilidade real, algo inédito na Região.
O desgaste do PSD parece inevitável, dada a evidente falta de capacidade de mobilização e a cisão interna entre Albuquerque e Manuel António. Este cenário recorda as eleições autárquicas de 2013, marcadas pela divisão entre Jardim e Albuquerque, que resultou num desfecho surpreendente. A história poderá repetir-se.
Com esta previsível degradação do eleitorado do PSD, o PS encontra-se perante uma oportunidade única. Possivelmente, nunca antes existiram condições tão favoráveis para concretizar a sua ambição de formar governo. O partido tem a missão de demonstrar que é possível governar de forma diferente, centrando-se na melhoria das condições de vida da população, independentemente das suas filiações partidárias.
Esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. O PS deve aproveitar este período de campanha para inspirar esperança e captar o voto dos descontentes. Paralelamente, o JPP desempenhará um papel fundamental neste tabuleiro político. O partido de Santa Cruz tem a responsabilidade de se posicionar ao lado do PS para contribuir decisivamente para a mudança na Região. Não podem restar dúvidas: no dia seguinte às eleições, PS e JPP deverão estar preparados para negociar e apresentar uma solução de governo aos madeirenses.
Atualmente, PS e JPP somam 20 deputados. Com o atual cenário político ainda mais favorável, há todas as condições para um aumento do número de eleitos destas duas forças políticas.
Acredito que sim. Acredito que a maioria dos madeirenses e porto-santenses deseja uma verdadeira alternância política na Região. Neste contexto, é essencial compreender a importância do voto útil. Em 2024, se somássemos os votos de todas as candidaturas que não elegeram deputados, a mudança teria sido possível. Façamos, pois, essa mudança já este ano.