Poupem-nos

Apelo a quem de direito. Por favor, revejam as leis. Eu já não aguento. É que se antes se dizia que o céu estava a ficar cheio de estrelas a olhar por nós e, em jeito de lamento, nos queixávamos que Deus dava prioridade aos bons levando-os antes do tempo, esquecendo-se dos maus… Agora é a justiça que está a fazer exactamente o mesmo. Bem, está e não está. Na verdade, parece uma versão melhorada do divino. Se Nosso Senhor escolhe e leva definitivamente os que ama, a justiça ameaça que vai levar, embora os devolva após períodos variáveis.

Vejamos, o meu amigo 30, segundo consta, decidiu fazer pela vida. A certa altura, optou por tornar-se empresário em nome individual. Que maravilha. Patrão de si próprio. O pior foi o ramo escolhido. Parece que não era legal! Conclusão? Foi levado. Por sorte, e porventura por bom comportamento, já o começaram a devolver. Aleluia. Não é por nada, mas sinto-me muito mais seguro com ele cá fora.

Depois foi o melhor presidente da Câmara dos últimos anos (se bem que a actual me está a sair muito melhor que a encomenda, reconheço). Enclausuraram-no, com outros 2 comparsas, uns longos 21 dias. Ao fim dos mesmos, o senhor doutor juiz de instrução criminal determinou a libertação dos 3 mosqueteiros, afirmando não haver indícios da prática de qualquer crime. Pronto. “Se não há, não há”. Pegaram nas suas coisinhas e vieram embora. Agora, passado um ano, a Relação volta a tirar-lhes o sono. Sim, o sono aos 3 e o passaporte a 2. Só que se nas provas ou indícios eu não me meto, já nas medidas sim. Então agora é que eles iam fugir? Se fosse mesmo para se porem na (c)alheta, iam esperar este tempo todo? Bonito serviço.

Daí para cá perdi a conta. São poucos os amigos que não são arguidos ou suspeitos de coisa alguma. E eu não sei se isso diz mais sobre mim ou sobre eles. Sinceramente não sei, mas também não é coisa que me preocupe. Quando gosto, até trânsito em julgado, gosto mesmo.

Prova disso é esta minha manifestação pública a outro companheiro a braços com a justiça. Desta feita foi um dos últimos unionistas vivos. Aquele que se propunha a salvar o Clube, mas acabou a fechá-lo, foi “embrulhado” no processo Tutti Frutti(di). Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, um tal de Sérgio Azevedo (ex-deputado do PSD e líder do grupo na Assembleia Municipal de Lisboa) diligenciou no sentido de que a Junta de Freguesia de Santo António (de Lisboa, calminha aí) contratasse serviços alegadamente fictícios a duas empresas sediadas na Região Autónoma da Madeira. Uma delas do Sérgio Nóbrega, pois claro. No fundo, o esquema consistia em encaminhar recursos da Junta para o próprio Azevedo, para cujas contas as empresas do Funchal transferiram mais de 17 mil euros a título de “apoio jurídico”. Pelo “jeitinho”, os dois empresários regionais a “operar” além-mar retinham mais de 10 mil. Pronto. Foi azar! Acontece. Só que com isto foi mais um. Ou menos um. Sei lá…

Por outro lado, quem não é arguido, mas parece ser o preferido, é o Rui Coelho. Depois de tantos hipotéticos candidatos a presidente da Associação de Futebol da Madeira, eis que apenas a sua lista se apresentou a votos. E, à mesma velocidade que reuniu o apoio de muitos clubes, colecionou críticas de alguns sujeitos. A mais sonante era a de que poucos ou nenhuns dos seus membros eram “pessoas do futebol”. Cruzes, credo. Que mentira. Basta olhar para aquela malta para perceber logo que joga(va)m e não é pouco. Ok, o meu pai já foi um extremo rapidíssimo, forte no um para um e que cruzava com precisão. Servia os pontas de lança sem pedir nada em troca. Fazia assistências como poucos. Pronto, era craque. Perdeu esse fulgor e hoje em dia é mais médio centro? Daqueles posicionais. Forte a ocupar espaços. Joga a duas velocidades: parado e devagarinho. Que privilegia o jogo de costas e, se possível, sentado? E o que tem? Não me digam que queriam, aos 72, um box to box…

Poupem-nos.

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