A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou hoje ter encontrado o agente tóxico não-letal ‘CS’ em nove amostras fornecidas pela Ucrânia, que acusa a Rússia de o ter utilizado na linha da frente.
A OPAQ, com sede e laboratórios em Haia, afirmou ter identificado o agente químico em amostras de quatro granadas junto a uma trincheira.
A organização não apontou o dedo nem à Ucrânia nem à Rússia pela utilização deste gás, que é uma substância proibida em zonas de guerra.
O ‘CS’, o composto químico ‘Clorobenzilideno Malononitrilo’ (lacrimogéneo), é um gás cristalino branco com odor irritante das mucosas e classificado como arma “não letal”, utilizada frequentemente pela polícia para dispersar multidões e conter manifestantes sem causar mortes.
A Rússia e a Ucrânia acusam-se mutuamente de terem utilizado armas químicas no conflito, que dura há quase três anos. Os aliados ocidentais de Kiev também afirmam que Moscovo utilizou armas proibidas.
A Ucrânia pediu à OPAQ que investigue três incidentes de alegada utilização de armas químicas: em 02 de outubro de 2024, perto da aldeia de Mariivka e em 12 e 14 do mesmo mês, perto de Illinka.
“Todas as granadas recuperadas dos abrigos […] continham o agente antimotim ‘CS’, compostos relacionados com o ‘CS’ e/ou os seus produtos de degradação”, observou a OPAQ num comunicado.
O produto químico também foi encontrado em amostras de solo e vegetação fornecidas pela Ucrânia.
“Este relatório marca o segundo caso confirmado de granadas antimotim encontradas nas linhas de confronto na região de Dnipropetrovsk”, afirmou o diretor-geral da OPAQ, Fernando Arias, no comunicado.
Arias acrescentou que as conclusões do relatório sublinham “a urgência de defender e garantir o respeito pelos princípios da Convenção sobre Armas Químicas”.
Em novembro, a OPAQ afirmou que o gás antimotim ‘CS’ proibido tinha sido encontrado em três amostras de projéteis e solo fornecidos pela Ucrânia na área onde está a combater as forças russas.
Esta foi a primeira vez que foi confirmada a utilização de gás antimotim em zonas onde decorrem combates na Ucrânia, segundo a OPAQ.
A Convenção sobre Armas Químicas proíbe a utilização de agentes antimotim, incluindo o gás CS, “como método de guerra”.