Entrada: Flechas de um cupido esquecido
O processo de Eduardo Jesus não tinha qualquer combustível. Se aquilo fosse prevaricação, então teríamos de importar detentores de cargos públicos, pois é impossível um madeirense não conhecer alguém que tem um cabeleireiro, uma oficina, ou um familiar prestador de serviços que necessite de um “papel” da administração pública. No entanto, de tantos e tantos quadrantes, houve a conivência em confundir com ilegalidades também acabadas em “ão”. Se assim fosse, era transformar a Ilha numa Guantánamo. Íamos todos presos. A queda inevitável desse processo favoreceria um surfar intensivo do PSD e Governo, até pelas consequências que acarretou, mas não aconteceu. O que é estranho.
1º prato: Pós de perlimpimpim duma reconciliação inevitável
Existirá um momento em que a união do PSD se terá de efetivar. É a única solução para a estabilidade política da RAM. Nenhuma solução da oposição a garantirá. Se (ainda) não aconteceu antes das eleições, que os ventos de São Valentim inspirem os laranjas desquitados para que no duro processo pós-eleitoral isso seja possível. Mais que um arranjo de lugares, deve-se encontrar no prato comum da social-democracia os condimentos necessários para que o projeto político seja o mais inclusivo possível. E que convença o senhor Representante.
Limpa – palato: Corações de Sorvete de iogurte de curta validade.
Para limpar do palato alaranjado, debatamos a gastronomia alternativa. O casamento de Cafôfo e Élvio Sousa, em 2024, durou menos que uma viagem ao Largo do Rato. Como um iogurte que talha por mistura de ingredientes incompatíveis. Os personagens não mudaram. Élvio continua convicto que tem um mandato divino, embora não faça a menor ideia do que é governar um porta-aviões como é a Madeira. Até porque nestas ocasiões promete sempre um ferry, uma embarcação mais à sua medida, sem também explicar porque ele nunca chega, nem como será viável. Além disso, já chamou a Cafôfo os mesmos nomes com que mima Albuquerque, tendo-o acusado, inclusive, de comprar na CMF, votos “em dinheiro e espécime”. Como e porque se entenderiam? Cafôfo dispõe-se a dar a presidência a Élvio, para lhe tirar o tapete o mais rapidamente possível. Qual Maquiavel, têm-nos como “verdes e pequenos” (em expressão política, por serem um partido local) incapazes do embate da governação. Sobrariam Cafôfo e Iglésias, se não conseguir concorrer à Figueira, para salvar a nação. Se os ingredientes deste sorvete são os da traição, como aconteceu na CMF em 2014, como pode dar certo?
2ºprato: Notas de amor vegetariano (podemos fingir que é carne, ou peixe)
Quando confecionamos um tofu, podemos travesti-lo de carne ou peixe. Depende do gosto do parceiro de ceia. Mesmo que não seja nenhum deles. No banquete eleitoral, são os partidos que se predispõem a juntar-se à esquerda ou à direita. Estou a falar do PAN, certo? No way! O partido de Mónica não elegerá. Porque não respeita o funcionamento da democracia. Não se reprova um orçamento ou viabiliza-se uma moção de censura que agride quem temos um acordo, mais ou menos formal. De quem falo, então? Desde já, o CDS. O líder José Manuel Rodrigues, que deve ao PSD e a Albuquerque três investiduras no mais alto cargo da Autonomia, com equivalentes três vítimas senatoriais social-democratas, afirma agora que namorará (ia escrever “se deitará”, mas ficava mal) com a esquerda ou com a direita. Ou seja, será carne ou peixe, conforme o capricho do aroma que emanar das urnas. Imagina-se que esteja subjacente à escolha, a manutenção do caviar no topo do prato, i.e., a sua perpetuação como presidente da ALRAM. Um primor!
Já da IL vêm sinais intermitentes. Gonçalo Camelo, um Chef liberal em estreia, afirma que tanto comerá com os talheres à esquerda como à direita, mas que não fará acordos com Albuquerque. O que pode levar o já anémico eleitor a concluir que só comerá pela esquerda. Eu até intuo o que este Chef quer realmente dizer, mas convém que afine a mensagem para que não surjam equívocos. Até porque a IL, se méritos terá, é de ser pão-pão, queijo-queijo. E não uma “Maria vai com todos”.
Sobremesa: Malassadas, sonhos e “bombas” de Carnaval.
Para sobremesa temos as famosas malassadas de Carnaval. Ou os “sonhos/bombas” pois assemelham-se a bombinhas que explodem ao virar no óleo. Uma iguaria só ao alcance CHEGA, que bem ao jeito do Carnaval, parece estar a gozar com o pagode. Depois do suspense para aprovar o programa e orçamento de 2024, prega a partida da moção de censura e chumbo do orçamento de 2025, ao mesmo governo que apoiou meio ano antes. Se isto não CHEGA, temos também as caldeiradas internas, com listas paralelas, vetos de Ventura, tachinhos e tachões, e até bolos de noiva e de divórcio. Um verdadeiro livro de Pantagruel de “estórias” mal contadas e total descrédito (pelo menos) político.
E é isto, caros enamorados. Desfrutem muitos, beijem-se e abracem-se, mas não comam demasiado. Feliz São Valentim!