Desde que o PSD-M deixou a Região na bancarrota, que esse partido tem vindo a perder votos a cada ato eleitoral. Com milhões vindos da UE, aos quais somaram muita dívida contraída, parecia fácil governar, o dinheiro abundava. De manhã tinham uma ideia, à tarde conversavam com quem as executava e pouco tempo depois estavam no terreno a construir tudo o que quisessem.
Difícil é governar sem dinheiro, com grandes dívidas para pagar e sem entradas de verbas por outras vias além do orçamento próprio, como foi o que sucedeu em muitas das freguesias e municípios da região. No Funchal, Paulo Cafôfo e Miguel Silva Gouveia herdaram uma dívida superior a 100 milhões de euros, tiveram as portas do Governo Regional sempre fechadas, e tiveram ainda de gerir o Funchal com inúmeras ações contra o município por pagamentos em atraso por dívidas do tempo do PSD.
Felizmente, com o engenho desses dois socialistas, foi possível governar bem, criar obra, não só física, mas também social, cultural, entre outras e ainda abater a dívida herdada em cerca de 60%, ficando o município numa situação financeira muito sólida, como reconheceu a atual presidente da Câmara. Paulo Cafôfo e Miguel Gouveia foram excelentes Presidentes de Câmara.
Após 10 anos com Miguel Albuquerque à frente do Governo Regional, a Região está consideravelmente pior, nomeadamente nas áreas sociais, habitacionais, ambientais. Existem números positivos, muito à custa do turismo, mas o certo é que a pobreza teima em não baixar, aumentando as desigualdades entre ricos e pobres. O regime faliu! Não é possível continuarmos neste registo desnorteado, sem estratégias, precisamos mesmo de uma nova visão para a Região.
Depois de um ano completamente alucinante, onde as suspeitas de corrupção foram ganhando cada vez mais notoriedade, depois de uma péssima gestão dos incêndios de agosto passado, com o Presidente do Governo Regional e o Secretário Regional responsável pela proteção civil a irem para o areal do Porto Santo quando a Madeira ardia, não restava outro caminho que não fosse a queda do governo.
É imperativo mudar a região no próximo dia 23 de março, é preciso acreditar que é possível construir uma maioria parlamentar alternativa que garanta estabilidade para implementar um novo Governo.
Uma coisa é certa, não há alternativa a este governo de Miguel Albuquerque que não passe pelo Partido Socialista. Paulo Cafôfo já deu provas que sabe governar e dará um excelente Presidente da Região. E se ainda houve quem achasse que a alternativa ao PSD poderia ser o JPP, bastou ver as imagens do seu recente congresso para facilmente perceber que além dos pouquíssimos militantes presentes, mal têm quadros válidos em número suficiente para dirigir um governo.
Por isso, cabe ao PS-M a responsabilidade de mudar a Região, pois tem bons quadros e uma base de apoio suficientemente grande, o que permite acreditar que é possível mudar a Região para muito melhor. Estou certo que apresentará aos madeirenses um projeto credível, que garanta a estabilidade e a boa governação de que tanto necessitamos.
Perante o estado em que se encontra o PSD-Madeira, com as suspeitas que recaem sobre muitos dos seus principais dirigentes e candidatos, o partido está transformado um saco de gatos, com uma boa fatia da sua base de apoio a rejeitar determinantemente o seu líder. Como tal, não será compreensível que continuem a obter resultados eleitorais que permitam continuar a governar. A acontecer, será uma falha incompreensível de toda a oposição.
Nota: Quero dar os parabéns ao JM e a toda a sua equipa pela distinção como Jornal Local Europeu do Ano, no concurso European Newspaper Award.
Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.