Dezenas de sismos continuam a abalar ilhas gregas

Dezenas de sismos de magnitude até 4,9, continuam hoje a abalar as ilhas gregas de Santorini e Amorgos, no arquipélago das Cíclades, no Mar Egeu, num elevado nível de atividade sísmica que começou a 24 de janeiro.

Segundo o Instituto Geodinâmico de Atenas (IGA), hoje, às 09:30 (mesma hora em Lisboa), foi registado um tremor de magnitude 4,9 a cerca de 23 quilómetros a sudoeste de Amorgos, o mais forte desde que a atividade sísmica começou há dez dias, o que levou as autoridades de Atenas a declarar o estado de alerta.

Duas horas mais tarde, um outro terramoto, mas de magnitude 4,6, atingiu o norte da ilha.

As escolas permanecem encerradas hoje nas ilhas de Santorini e Amorgos, bem como nas ilhas vizinhas de Ios, Anafes, Paros e Antiparos, onde também se fazem sentir tremores.

A Proteção Civil enviou hoje uma mensagem de alerta para os telemóveis dos habitantes de Santorini, informando que existe um risco elevado de deslizamentos de terras e que o acesso a certas praias e portos da ilha está proibido.

Poucos minutos depois, uma segunda mensagem foi enviada para os telemóveis dos habitantes desta ilha e das ilhas de Ios, Anafes e Amorgos, alertando-os para uma “atividade sísmica prolongada” e instando-os a “manterem-se preparados” e a “seguirem as instruções das autoridades”.

O Governo grego já tinha emitido um aviso de elevada atividade sísmica no sábado e pediu às pessoas das zonas afetadas que evitassem reunir-se em espaços fechados e que se mantivessem afastadas de edifícios abandonados.

Segundo o portal News247, alguns habitantes locais, trabalhadores e também visitantes estrangeiros – Santorini é um dos locais mais turísticos da Grécia – decidiram abandonar a ilha.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, apelou hoje aos residentes de Santorini para “permanecerem calmos”, apesar da “intensa” atividade sísmica que atingiu a ilha turística mundialmente famosa nos últimos dois dias.

“Temos de gerir um fenómeno geológico muito intenso” nesta ilha das Cíclades, no Mar Egeu, alertou o chefe de governo a partir de Bruxelas, onde participa numa cimeira europeia.

“Acima de tudo, gostaria de pedir aos habitantes da ilha que mantenham a calma”, acrescentou.

Os ‘ferries’ para Atenas estão cheios e a companhia aérea grega Aegean anunciou que vai acrescentar três voos extra da ilha para a capital grega hoje e terça-feira, devido à elevada procura.

De acordo com o recenseamento de 2021, Santorini tem 15.000 habitantes, embora se estime que existam mais 10.000 habitantes permanentes não registados, e Amorgos cerca de 2.000, aos quais se devem acrescentar os turistas, cujo número ainda é baixo, devido ao facto de a época de verão ainda não ter chegado.

Até à data, não se registaram danos, embora se tenham verificado alguns deslizamentos de terras e de rochas na famosa caldeira da ilha.

Nas últimas 48 horas, foram registados mais de 200 sismos na zona marítima entre Santorini e Amorgos, 60 dos quais ocorreram durante a noite de domingo para hoje, segundo a imprensa local.

O diretor do Instituto Geodinâmico de Atenas, Vasilis Karastathis, disse hoje à emissora SKAI que, nos últimos dez dias, foram registados mais de 380 sismos na zona marítima entre Santorini e Amorgos.

Os especialistas afirmam que a atividade sísmica dos últimos dias não está relacionada com o vulcão de Santorini, mas sim com falhas submarinas na zona, embora ainda não seja claro se haverá uma nova escalada ou se a situação irá melhorar.

Estas cinco falhas, cada uma com mais de 20 quilómetros de comprimento, podem produzir sismos de magnitude até 7,3, como o registado perto de Amorgos em 1956, que provocou um ‘tsunami’ de 30 metros que matou 53 pessoas.

O epicentro da principal atividade sísmica começou hoje a deslocar-se mais para nordeste de Santorini, afastando os sismos desta ilha e aproximando-os da de Amorgos.

Uma das maiores erupções da história, por volta de 1600 antes de Cristo, deu à ilha de Santorini a sua forma atual e formou um ‘tsunami’ que chegou a Creta e pôs fim à civilização minóica na ilha.

A última erupção na zona ocorreu em 1950.

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