A oposição da Venezuela pediu hoje a Donald Trump que crie um mecanismo de proteção de migrantes venezuelanos nos EUA, dois dias depois do anúncio da deportação de mais de 600 venezuelanos.
“Compreendemos a necessidade de garantir a segurança e a ordem nos EUA, mas consideramos igualmente importante que o Estatuto de Proteção Temporária (TPS) seja preservado ou que seja adotado um mecanismo de proteção alternativo que reconheça a natureza da crise venezuelana”, explica um comunicado emitido pelo Comando com a Venezuela (Comando ComVzla), liderado por Maria Corina Machado.
No documento, a oposição sublinha que “é fundamental ter em conta o risco para a segurança e integridade a que estão expostas as pessoas que enfrentaram ou fugiram do regime devido a perseguições políticas”.
“A grande maioria dos venezuelanos no exílio partiu para procurar refúgio temporário até que seja possível regressar a uma Venezuela livre. A grande maioria deseja regressar e reconstruir o nosso país assim que consigamos a saída do regime”, explica.
O Comando ComVzla explica ainda que “a imensa maioria dos venezuelanos que vive atualmente nos EUA são pessoas de bem, que durante décadas trabalharam arduamente e contribuíram para o desenvolvimento dessa grande nação, com o seu talento, os seus conhecimentos e os seus investimentos”.
“Nos EUA, há centenas de milhares que depois de terem escapado à ditadura de Nicolás Maduro, o principal promotor do crime organizado e do tráfico de droga no nosso país, contribuem legalmente com a economia, especialmente em estados como a Florida”, sublinha.
Por outro lado, a oposição venezuelana afirma respeitar as decisões do Governo dos EUA, contra organizações criminosas como o “Tren de Aragua” (de origem venezuelana) e contra os envolvidos em branqueamento de capitais e na expansão de redes ilícitas.
“O nosso compromisso é com a Venezuela e os venezuelanos, e estamos empenhados em trabalhar com a administração do Presidente Trump para encontrar uma solução favorável a todas as partes. Estamos confiantes de que, tal como os EUA estiveram ao lado do povo venezuelano nos momentos mais difíceis, continuarão a estar connosco na construção de um futuro de justiça, prosperidade e liberdade para todos”, conclui.
Na quarta-feira a Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reúne os principais partidos opositores da Venezuela disse esperar que Donald Trump reponha a proteção a migrantes venezuelanos.
Horas depois do anúncio do republicano, a PUD manifestou preocupação pelo bem-estar dos migrantes venezuelanos nos Estados Unidos, num comunicado divulgado em Caracas.
“Esperamos que a administração Trump reveja as medidas de imigração tomadas recentemente, procurando sempre, no âmbito da lei, as melhores condições para a proteção dos venezuelanos que fizeram do território norte–americano a sua nova casa e que com o seu trabalho honesto contribuem para o desenvolvimento dos Estados Unidos”, explica a PUD.
O documento sublinha que a oposição venezuelana espera que sejam revistas, “especialmente os mais de 600 mil compatriotas que estão a ser diretamente afetados pela medida de cancelar a extensão relacionada com a validade Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês)”.
“Defendemos que seja dada atenção imediata e satisfatória a esta situação que tem gerado grande preocupação entre os venezuelanos”, lê-se no texto, no qual a PUD afirma que “a complexa crise humanitária” na Venezuela, “se agravou ainda mais, após o desrespeito dos resultados eleitorais de 28 de julho de 2024”.
Trump revelou quarta-feira que revogou a extensão do TPS a mais de 600 mil venezuelanos nos Estados Unidos, que os protegia da deportação.
O TPS assegura proteção contra a expulsão e o direito ao trabalho, e é concedido aos cidadãos estrangeiros cuja segurança não esteja garantida nos seus países de origem devido a conflitos, catástrofes naturais ou outras circunstâncias extraordinárias.